Ela pode até não ser brasileira, mas é uma das artistas mais queridas pelo público tupiniquim. Estrela de clássicos da teledramaturgia latinoamericana, a atriz e cantora mexicana Thalía conquistou os televisores do Brasil com suas memoráveis Marias. Uma delas, Marimar, chega nesta segunda-feira (23) ao catálogo do Globoplay — para a alegria dos fãs, a próxima deve ser de Maria do Bairro, com inclusão prevista para ocorrer ainda este ano.
Para celebrar a chegada de Thalía ao streaming brasileiro, GZH relembra os papéis mais marcantes vividos pela atriz mexicana.
Quinceañera
Exibida no Brasil em 1991, pelo SBT, e em 1997, pela CNT, TV local de Curitiba, Quinceañera foi o primeiro sucesso de Thalía na televisão. A trama original de 1987 é inspirada no livro de mesmo nome de René Muñoz e gira em torno dos dilemas de Beatriz (Thalía) e Maricruz (Adela Noriega), duas garotas prestes a completar 15 anos que são melhores amigas, mas vivem em mundos completamente distintos.
Vinda de uma família rica, Beatriz é cercada de privilégios, mas sofre por não se sentir amada pelos próprios pais, mais preocupados com o dinheiro do que com as questões da filha adolescente. Já Maricruz, de origem humilde, precisa lidar com a ambição exacerbada da mãe, que tenta empurrá-la para casamentos por interesse e não aprova seu namoro com Pancho (Ernesto Laguardia), um rapaz pobre.
No decorrer da novela, Beatriz se apaixona por Gerardo (Rafael Rojas), irmão de sua amiga Maricruz, e acaba por engravidar dele. Abandonada pelo namorado, ela precisa encarar as dificuldades de uma gravidez na adolescência, mas pela primeira vez recebe o apoio e a atenção de seus pais.
Segundo divulgado na imprensa na época, Thalía não foi a primeira opção dos diretores para viver Beatriz, papel que desejavam delegar à Paulina Rubio, que teria recusado o convite por conta da gravidez da personagem, que julgava poder vir a atrapalhar sua imagem. Já Thalía, que havia feito apenas uma novela de pouco sucesso — Pobre Señorita Limantour, de 1987 — mas era bastante conhecida pelo grupo musical Timbiriche, topou dar vida à mocinha de Quinceañera, que se tornou uma de suas personagens mais importantes e abriu portas para outros papéis na TV.
Maria Mercedes
Abrindo a chamada "Trilogia das Marias", Maria Mercedes, original de 1992, foi exibida no Brasil pela primeira vez em 1996, no SBT. A novela traz Thalía como a primeira "Maria" de sua carreira, estreando uma sequência de personagens com mesmo nome que seriam vividas por ela, todas protagonistas de histórias de superação.
Maria Mercedes é uma vendedora de bilhetes de loteria que faz de tudo para garantir o sustento de sua desestabilizada família — inclusive vestir-se de palhaça para alavancar as vendas no sinal. Ela acaba se casando com Santiago (Fernando Ciangherotti), um homem que está prestes a morrer e decide unir-se a uma moça pobre para se vingar da irmã Malvina (Laura Zapata), que pretendia usufruir de sua herança.
Com a morte de Santiago, Maria Mercedes herda toda a fortuna do marido, mas precisa lidar com as armações de Malvina, que não poupa esforços para atrapalhar a vida da cunhada. Vivendo na mansão da família, Maria se apaixona pelo filho de Malvina, Jorge Luis (Arturo Peniche), que é também sobrinho de seu ex-marido. Para completar o enredo digno de novela mexicana, ela descobre que Magnólia (Gabriela Goldsmith), uma mulher rica com quem cria um forte laço de amizade, é na verdade sua mãe.
Marimar
Se há uma Maria de Thalía que sofreu, essa Maria é Marimar, a segunda da trilogia. Protagonista da novela de mesmo nome, a personagem é uma moça pobre e analfabeta que vive com os avós e o cãozinho Pulguento em uma ilha de pescadores. Ela vê sua vida mudar quando conhece o galante Sergio (Eduado Capetillo), filho de um fazendeiro rico que aparece no povoado e lhe pede em casamento. Apaixonada pelo rapaz, Marimar aceita o pedido e passa a morar com o marido na fazenda da família dele, sem imaginar que seu conto de fadas viraria um pesadelo.
Sergio, na verdade, não tem nada de príncipe encantado: é agressivo e desrespeitoso com a esposa, além de abandoná-la para viver uma "vida de solteiro" na capital. Largada na fazenda pelo marido, ela sofre nas mãos de Angélica (Chantal Andere), madrasta de Sergio que a obriga a trabalhar como empregada doméstica da família. Isto, porém, não é nada perto do que a mocinha ainda sofreria: por armação da vilã, Marimar é presa injustamente e, na prisão, recebe a notícia de que seus avós morreram em um incêndio criminoso encomendado por Angélica.
Quando finalmente é solta, ela se muda para a capital e descobre que está grávida de Sergio. Lá, começa a trabalhar na casa do ricaço Gustavo Aldama, homem de bom coração que se sensibiliza com a história de Marimar e resolve transformá-la em uma dama da alta sociedade, sob a falsa identidade de Bella Aldama. Não bastasse a reviravolta, como uma protagonista de novela mexicana que se preze, Marimar ainda descobre que Gustavo é seu pai biológico e anos depois se vinga de Angélica com requintes de crueldade — além de, infelizmente, voltar para o boy lixo Sergio no final da trama.
Com tantos plot twists, o sucesso de Marimar foi estrondoso. Exibida originalmente em 1994, a trama chegou ao Brasil pela primeira vez em 1996, no SBT, sendo reprisada outras quatro vezes pela emissora. Ao todo, mais de 175 países exportaram a novela, que quebrou recordes de audiência pelo mundo e chegou a liderar o Ibope brasileiro em suas exibições. Agora, a novela chega ao catálogo do Globoplay.
Maria do Bairro
Fechando com chave de ouro a "Trilogia das Marias", Maria do Bairro, de 1995, é uma adaptação da também mexicana Los Ricos También Lloran, de 1979 — que, por sua vez, também é um remake, mas da venezuelana Raquel, de 1973. A produção é a trama protagonizada por Thalía que mais agradou o público brasileiro, sendo exibida sete vezes pelo SBT, de 1997 a 2016.
Na novela, que também deve ser incluída no catálogo do Globoplay, a atriz vive uma catadora de recicláveis que, após a morte de sua madrinha e protetora, vai trabalhar na mansão de uma família rica. Lá, acaba por se envolver com Luís Fernando, filho do patrão, e desperta a ira de Soraya, prima de Luís Fernando que é apaixonada por ele.
Dividida em quatro fases, a novela é repleta de drama, armações, crimes e reviravoltas. Ao longo dos 185 capítulos, acontece de tudo um pouco com a protagonista Maria do Bairro: ela engravida, sofre de depressão pós-parto e abandona o bebê, é internada em um hospital psiquiátrico, adota uma outra criança, é traída pelo marido, anos depois vê a filha adotiva se apaixonar pelo filho biológico que abandonou no passado, é acusada de um crime que não cometeu e muito mais.
Rosalinda
A última novela de Thalía conta a história de amor entre Rosalinda (Thalía) e Fernando (Fernando Carrillo). Ela é uma florista humilde que lida com a recente perda da mãe, que na verdade é sua tia — Rosalinda foi dada pela mãe biológica à tia que havia acabado de perder a filha no parto e foi criada sem saber de sua verdadeira origem. Já Fernando é um homem mais velho e rico, que tem uma relação conturbada com a mãe por acreditar que ela matou seu pai.
Juntos, eles precisam lidar com o preconceito pela diferença de idade e classe social, a reprovação de Valéria (Lupita Ferrer), madrasta de Fernando, e as armações de Vera (Nora Salinas), irmã mais nova de Rosalinda que faz de tudo para atrapalhar a relação dos dois. No meio da trama, a protagonista conhece sua mãe biológica, enlouquece, tem uma morte forjada, passa a morar na rua, muda seu nome para Paloma e retorna à sociedade como uma cantora renomada, volta a encontrar Fernando e, por fim, consegue seu final feliz com o amado.
Original de 1999, a novela estreou no Brasil em 2001, no SBT, e foi reprisada três vezes. Após a trama, Thalía deixou o trabalho na teledramaturgia, passando a se dedicar exclusivamente à carreira de cantora.