Participar do Big Brother Brasil com o pai foi um grande desafio para Ana Clara, mas os frutos ainda estão sendo colhidos. Após conquistar o terceiro lugar na 18ª edição do programa, a jovem de 24 anos passou pelo Vídeo Show, foi repórter do reality show e vem comandando a Rede BBB nos últimos três anos.
De personalidade forte, é normal ver o nome de Ana Clara entre os assuntos mais comentados nas redes sociais. O motivo, geralmente, é algum comentário durante as transmissões, em que tenta sempre ir direto ao ponto e tratar seus convidados - os participantes que deixam o BBB - com muita sinceridade.
O sucesso nesses projetos rendeu a Ana Clara, ainda em 2021, seu primeiro programa na TV aberta. De segunda a sexta, logo após o Jornal Hoje, ela comanda o Plantão BBB com os destaques do reality e uma série de convidados. A atração surgiu após Boninho, diretor de entretenimento da Globo, elogiar a ex-sister nas redes sociais.
Entre uma gravação e outra, Ana Clara concedeu uma entrevista a GZH por e-mail em que analisa a atual edição do BBB e como tem sido essa fase recente de sua carreira. Confira:
Dentro do BBB 18, sua personalidade foi assunto aqui do lado de fora, por você sempre resolver as brigas e peitar as pessoas quando necessário. Você também sempre é vista pelos internautas como uma pessoa sincera e direta nas redes sociais apresentando a Rede BBB. Ao que você atribui essa sua personalidade?
Eu acho que isso é algo muito meu. Não sei se vem de criação porque os meus pais não são assim. Acredito que seja um traço da minha personalidade mesmo. Sobre lidar com o público, receber elogios é fácil, a gente fica feliz. Já com as críticas é mais complicado e realmente é uma coisa que vamos aprendendo, calejando com o tempo. Temos que respeitar nossas próprias emoções. Às vezes, a gente não quer ligar tanto para os comentários, mas nós somos humanos, como qualquer outra pessoa. Então, é normal também ficar chateada quando alguém faz uma crítica pesada ou deseja mal para você. Mas a gente vai aprendendo.
Como foi a transição para apresentar um programa diário e na TV aberta, saindo de uma atração virtual? Houve algum tipo de preparação especial, mesmo após a passagem pelo Vídeo Show?
Eu acho que a preparação veio desde que eu comecei a trabalhar na Globo. O Video Show foi muito importante para eu entender a dinâmica de um estúdio de televisão, não que seja muito diferente da dinâmica do nosso estúdio online. Eu venho me preparando e me moldando desde que eu comecei a fazer faculdade de jornalismo. Eu tenho total liberdade para participar do processo criativo, da construção do programa, das pautas, e eu passo toda a estrutura com a equipe antes de ir ao ar e opino, sim. A gente muda o que tem que mudar. É superlegal.
E como está a sua rotina?
Eu tenho poucas horas de descanso, principalmente por causa das eliminações. Nessa reta final, ficou um pouco mais puxado, mas quando era só na terça-feira não era tão corrido. Mas é muito gratificante porque eu sou muito feliz fazendo o que eu faço. Eu sou muito grata e é muito importante trabalhar com algo que a gente ama. Só de fazer o que eu faço já é incrível. E mais ainda de ver a resposta positiva do público e da minha equipe. Com certeza isso é uma motivação para me fazer continuar.
Como é comandar um bate-papo com alguém que teve um alto índice de rejeição no BBB, como foram os casos da Viih e da Karol, por exemplo?
Independentemente da porcentagem do participante ou da trajetória dele no jogo, eu gosto de tratá-los igualmente. É muito difícil sair do BBB com desejos, vendo o sonho de ser campeão acabar ali. E quando a pessoa tem um índice de votação alto não é fácil para ela lidar com aquilo. A última coisa que nós queremos é deixá-la constrangida ou preocupada. Aquele momento do bate-papo é de descontração, de descompressão. Eu me preocupo muito em levar para eles uma leveza, sem deixar de questionar, é claro, mas também sem ficar tacando pedra.
Qual entrevista desta temporada, até o momento, foi a mais marcante? E por quê?
Eu me sinto desafiada em todas as entrevistas. Sempre existe alguma coisa diferente, seja a porcentagem, o perfil do participante ou as torcidas em volta. Houve entrevistas muito engraçadas, que foram superdivertidas de fazer, como a da Pocah, a do Gil que acabou de acontecer – eu ria demais. E eu gosto muito de fazer, independentemente do desafio, eu adoro.
Por estar vivendo tão intensamente o BBB 21, como você visualiza os vilões e mocinhos deste ano?
Essa questão de personagens no programa é muito flutuante. Não dá para definir o perfil de um participante baseado somente no que o público pensa ou no período de tempo que a pessoa esteve na casa. A gente teve pessoas com trajetórias misturadas – a Sarah e o Fiuk, por exemplo. Difícil falar de campeão, ninguém foi constante o tempo todo. Eu acho que isso compõe o Big Brother, a gente precisa de personalidades diversas. Mas essa análise diz respeito ao público.
Comparando trajetórias com o que você viveu lá dentro, tem alguém que você imagina como campeão ou que mereça mais?
Para mim é uma surpresa. O programa é muito surpreendente, sim. Existem situações em que talvez seja possível esperar uma resposta do público para determinadas decisões, mas não é legal predefinir o que acontece porque a opinião que a gente vê nas redes sociais faz parte de uma bolha. Por isso, nem sempre representam o público no geral. Se você for olhar as opiniões das pessoas no Instagram, e depois abrir o Facebook, você vai ver que são diferentes. Não tem como a gente pautar o resultado das decisões. O Big Brother não para de surpreender a gente até a final.
A sensação é que o BBB 21 foi vivido de forma ainda mais intensa pelos espectadores. Como você avalia isso?
Foi uma edição muito intensa mesmo. O público viveu esse momento de forma muito intensa. A gente quer alcançar as pessoas e levar diversão com um jogo em que se sintam envolvidos e com vontade de jogar. A única coisa que me preocupa, às vezes, é a falta de proporção de algumas situações, como por exemplo a quantidade de haters que alguns participantes têm. Talvez a pandemia tenha contribuído para isso, só que já vem acontecendo há bastante tempo porque o Big Brother mexe com a emoção das pessoas. O público brasileiro intenso, caloroso, quer falar, criticar, elogiar.
Como vê esse cenário de "cancelamentos"? A pandemia ajudou nesse processo?
Eu nunca vou ser a favor de cancelamento ou de hater. Infelizmente, muita gente pensa que a internet é “terra de ninguém” e faz o que quer fazer. Eu nunca vou achar justo uma pessoa julgar e ameaçar a família de um participante, assim como não é justo um participante ser xingado pelo outro de maneira desproporcional. Para mim tem o mesmo peso. Todo mundo é humano; o Big Brother é um jogo ao qual as pessoas não estão acostumadas a vivenciar. Não tem como você cobrar de alguém um comportamento normal dentro do reality. É complicado. Hoje a gente vive numa realidade em que algumas pessoas se escondem atrás das redes e se sentem confortáveis em julgar porque ninguém está vendo.
Neste ano, um dos momentos mais marcantes do BBB 21 foi o discurso de Tiago Leifert sobre racismo. Como lidou com essa e outras discussões quentes?
Eu acho que aquele momento foi muito importante para o nosso programa e para a nossa sociedade. Às vezes, as pessoas não entendem a complexidade do que falam porque a situação não é tão explícita. O racismo escancarado é muito mais repreendido hoje e é importante levantar esse tipo de discussão sobre momentos que acontecem no detalhe mesmo. A gente está no século 21 e essas coisas são inaceitáveis.
E em relação ao Tiago Leifert, como é seu contato com ele?
A minha relação com o Tiago é ótima. A gente troca várias figurinhas. Eu converso com ele sobre assuntos pessoais e profissionais, de como eu me sinto no trabalho. E eu admiro muito ele como apresentador, como um profissional muito completo e uma pessoa muito corajosa por estar no comando de um reality show. O público do Big Brother é muito fervoroso, então qualquer pisada fora da linha – ou até dentro dela – gera críticas. É bastante difícil lidar com isso. O Big Brother tem uma audiência enorme, então o retorno também é muito expressivo.
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