Às vésperas do lançamento da série documental A Vida Depois do Tombo, que estreia no Globoplay nesta quinta-feira (29), a cantora Karol Conká participou do Saia Justa, no canal assinatura GNT, na noite desta quarta-feira (28). O tema da vez do programa, que discute pautas sociais, relacionamentos e espiritualidade, foi "rejeição".
Considerada a grande vilã do BBB 21, Karol fez uma análise da sua participação do reality. A artista afirmou que passou a fazer terapia após deixar o programa e a prestar mais atenção em sua saúde mental.
— Sempre procrastinei esse lance da saúde mental — revelou. — Eu tenho a sensação de que eu entrei no BBB e me autossabotei para chamar minha atenção para esse tipo de assunto que eu deixei tanto para depois — completou.
Eliminada com recorde de rejeição — foram 99,17% dos votos —, a cantora contou que demorou para entender seus erros dentro do Big Brother, mesmo após deixar o confinamento.
— Quando eu entrei no BBB, eu acabei expondo uma camada, uma fragilidade, um comportamento muito feio, assim que eu sai da casa eu demorei muitos, muitos dias para ter noção de todas as minhas atitudes. Então, muitas coisas que eu fiz e falei, me deixaram muito envergonhada e decepcionada.
Ela ressaltou inúmeras vezes que passou por maus bocados nos últimos dois meses, chorando muito, mas também compondo e tentando compreender o que havia acontecido.
— É muito ruim a sensação de decepcionar milhões de pessoas, amigos, pessoas que queridas, pessoas que eu admiro. (...) Eu estou passando ainda por essa situação. Eu estou em um momento de reflexão bem profunda.
A cantora analisou ainda o início das gravações de A Vida Depois do Tombo. A produção, dividida em quatro partes, acompanha a rapper revendo seus passos dentro do BBB e sua busca por redenção após a rejeição do público. De acordo com ela, após ver as cenas de sua participação no reality cresceu nela uma "rejeição por si mesma".
— (No começo das gravações) Eu ainda estava montada na soberba, como forma de disfarçar a dor que eu estava sentindo por ter causado uma turbulência. Eu já tinha essa noção do que eu tinha feito, dos meus erros, mas eu não tinha noção da proporção. Conforme os dias foram passando, eu fui tomando mais noção do que tinha acontecido, e eu fui sofrendo muito — completou.
A cantora destacou ainda ser contra a cultura do "cancelamento". Para ela, seria uma forma de se reduzir a "apenas uma camada", imaginar que apenas as piores cenas dentro do reality show refletem quem ela verdadeiramente é.
— Todos nós temos essas feridas que nós acabamos varrendo para baixo do tapete, que foi o meu caso. E esse tapete foi levantado quando eu entrei na casa — declarou.
Ao longo do Saia Justa, surgiu o questionamento: teria a rejeição sido tão grande não fosse Karol Conká uma mulher negra? Foi levantado no programa o fato de que ela não é a primeira participante a ter atitudes no mínimo controversas dentro do reality show. Mas, além do peso de questões raciais e misóginas, a própria rapper acha que sua trajetória foi um combustível para a rejeição recorde contra ela:
— Eu comecei a refletir e eu acho que é pelo fato de eu já ser uma figura pública, já ter uma carreira, músicas que transformaram gerações, pessoas que me escreviam falando sobre isso e o quanto eu contribuí para a vida delas. E aí chegar num reality e ter uma atitude soberba daquelas... não é legal. Foi impactando também por isso.
Karol defendeu que suas atitudes foram fruto de um "distúrbio comportamental e emocional", uma vez que ela foi incapaz de lidar de forma saudável com a pressão exercida por estar sendo vigiada 24 horas por dia. Por isso, ela se sente bem de estar enfrentando tal situação "de frente":
— Eu senti medo de várias coisas desde que eu sai da casa. Acho que medo não é a palavra do que eu sinto hoje. Eu posso dizer que eu sinto orgulho de ter participado desse documentário, pelo fato de ter me descoberto e isso tudo foi documentado.