Fabiula Nascimento enfrenta o desafio de interpretar um papel totalmente diferente de tudo o que já fez na TV, em 23 anos de carreira. Em Bom Sucesso, a atriz de 41 anos dá vida a Nana, uma executiva workaholic e perfeccionista que tenta reerguer a editora de sua família, ao mesmo tempo em que vê seu pai, Alberto (Antonio Fagundes), à beira da morte. Mas como a mulher forte que diz ser, Fabiula pretende emprestar à personagem um pouco de seu dinamismo:
– Ninguém vai me chamar para fazer uma fraca.
No folhetim de Rosane Svartman e Paulo Halm, Nana também vive o drama de ser traída pelo marido, Diogo (Armando Babaioff), que tem um caso com Gisele (Sheron Menezzes), assistente pessoal dela, em um núcleo da trama que promete debater relacionamentos tóxicos. No bate-papo, a atriz curitibana detalha seu novo e intenso trabalho na TV, que completa um mês no ar.
Como é a personalidade de Nana e o que envolve o trabalho de composição desse papel?
É extremamente autocentrada. Mas tem relações difíceis com o pai e com o irmão (Marcos, personagem de Romulo Estrela), ela leva tudo nas costas após a morte da mãe. Faz tentativas diárias de salvar a editora da família, mas é boicotada pelo próprio marido e pela secretária (Diogo e Gisele têm um caso na trama), que tentam destruir tudo o que ela realiza, mas Nana não faz a mínima ideia. E não por ser burra, é que ela não enxerga: acha que o cara é um grande parceiro, pois ele é o único que a acolhe e a entende. Não tem como desconfiar. Estou trabalhando muito, ela é muito especial, tem muitas minúcias, curvas, nuances nos textos, no corpo, na voz. É um “trabalhaço”, mas está valendo a pena.
Nana é traída pelo marido, Diogo, além de ser sabotada por ele no trabalho, o que configura uma relação tóxica. A trama aborda essa questão?
Sim, mas, em momento nenhum, ele é um relacionamento tóxico aparente. O cara está ali sempre que ela precisa. Então, aparentemente, é um bom relacionamento. Não há nenhum tipo de discussão, mas há uma manipulação absurda. Ele é um psicopata, é outra parada.
Ela tem um lado intenso igual ao da Cacau, sua personagem em Segundo Sol (2018), ou é totalmente diferente desse e de outros trabalhos seus na TV?
Eu sou uma mulher forte, ninguém vai me chamar para fazer uma fraca. Na Globo, com certeza, é a mais diferente: é outro lugar, não é uma personagem popular nem dramática, não cumpre essa função, até porque é uma novela das sete. Então, é sempre mais suave, não tem aquele pé no drama.
Como é a experiência de contracenar com Antonio Fagundes, intérprete de Alberto?
É como se eu tivesse visto o meu pai envelhecer. Porque, na verdade, desde Vale Tudo (1988) acompanho o trabalho do Fagundes (novela em que o ator interpretou Ivan). Hoje, eu estou trocando (experiências) com ele. É sensacional!
Você tem projetos paralelos a Bom Sucesso?
Não estou nem conseguindo sair de casa. É um volume de trabalho bem grande e acho que, pela primeira vez, tenho uma personagem com tanto volume e trama na TV. Mas vou estar no filme Pluft, que é, inclusive, dirigido pela Rosane Svartman (autora de Bom Sucesso).
A história fala sobre acolhimento entre as pessoas, o que parece ser uma tendência, uma vez que as novelas trazem, cada vez mais, personagens próximos à realidade. Como você entende isso?
Eu trabalho (o acolhimento) diariamente, quero ser uma pessoa melhor. Já trabalho a empatia, me colocando no lugar do outro. Hoje em dia, temos que olhar no olho das pessoas, ter respeito pelas coisas que são faladas, ter ouvidos para saber se você quer mesmo receber aquela resposta. Não se trata de se tornar “o bom samaritano”, mas de exercitar a empatia. Precisamos tomar muito cuidado, principalmente, nesse mundo virtual, para saber se o que é dito não vai acabar gerando dor e tristeza.
*Viajou a convite da Globo