Eu não sei vocês, mas, depois de ver o jogo de basquete entre Brasil e Espanha ser decidido nos ultimíssimos segundos, depois de ver o Bellucci se classificar para as oitavas em um torneio de tênis (aleluia!), depois de ver o Phelps mitando na piscina olímpica do Rio, eu esperava mais emoção no antepenúltimo episódio de MasterChef Brasil. O chef Fogaça disse no começo do programa: "A chapa vai esquentar". Mas me senti assistindo a uma prova de costelão 12 horas.
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A noite de pachorra começou em um restaurante de luxo, o Attimo, em São Paulo. Raquel, Bruna, Leo e Luriana tinham de preparar, individualmente e cada um a seu tempo, um prato para os jurados, Ana Paula Padrão e quatro convidados – os jornalistas gastronômicos Arnaldo Lorençato, Ailin Aleixo, Maria da Paz Trefaut e Luiz Américo Camargo (que é colunista do Destemperados). Bruna abriu os trabalhos, com um magret mineiro acompanhado de canjica salgada. Leonardo jogou na segurança, com o clássico tournedos rossini com lascas de trufa negra. Luriana serviu kobe beef com purê de feijão branco e molho de vinho do porto. Raquel foi, disparadamente, a mais autoral: propôs uma releitura de um prato da Amazônia, caldeirada de tambaqui e tucupi com purê de mandioquinha e farofa. Acabou ganhando e, assim, se classificando para a semifinal da terceira temporada, na semana que vem.
E aí, do nada, voltamos a ver as visitas da Ana Paula Padrão à casa dos candidatos. Fazia um século que isso não acontecia, achei meio estranho aquela passagem pelo lar da Raquel – mas o mais estranho foi a Ana Paula Padrão estar usando uma camiseta do Metallica. Ana Paula Padrão. Metallica. Fiquei tão intrigado por esse momento "quando dois mundos colidem" que precisei dar um google. Não escarafunchei muito, mas descobri que a apresentadora foi à noite heavy metal do Rock In Rio em 2015. Só que as notícias limitavam-se a dizer que ela tinha ficado de papo com Mohamad Hindi, participante da primeira temporada do MasterChef Brasil.
Bom, depois desse lance "nothing else matters", eu realmente esperava uma prova de eliminação agitada, no clima desta quente Olimpíada do Rio. Aliás, já começo a achar que o ideal era mesmo a Band ter mantido a ideia de dois programas por semana, encerrando o MasterChef antes da abertura dos Jogos, para evitar essa espécie de anticlímax. Foi mais por profissionalismo do que por vontade própria que, às 22h31min, eu troquei de canal, abandonando as finais da natação (e sei não se eu não ficaria zapeando se fosse noite de Angola no handebol feminino, com sua goleira que desafia os padrões esportivos – tem 98kg distribuídos em 1m70cm – e que conquistou a torcida brasileira: "Ahhh, a Bá é melhor que Neymar!", gritam seus fãs).
Menos mal que a prova de eliminação também consistia em mergulhar na água um ser vivo – no caso, um polvo. Com orientações do chef Daniel Redondo, do restaurante Mani, coube a Bruna fazer polvo com um purê de batata-doce, a Luriana, preparar o molusco com batatas, e a Leo, empreender a receita mais elaborada e afetiva: um arroz que a mãe de Redondo cozinhava.
– Puxa, se eu errei no goulash da minha mãe! – lamentava-se Leo.
Mas calhou de seu prato ser o melhor. O desempate entre Bruna e Luriana foi no detalhe – ou pelo menos foi isso o que os jurados deram a entender, ou pelo menos foi isso o que eu entendi, pois confesso que já estava no modo The Walking Dead àquela hora (o MasterChef é um caso ímpar: vai diminuindo o número de participantes, mas parece que vai aumentando o tempo de programa).
Ainda bem que, mesmo zumbizado, consegui ouvir o belo discurso da Paola Carosella sobre "o tesão da pressão", sobre esse inimigo inevitável de chefs e cozinheiros, o tempo ("Não é por acaso que tem um relógio aqui", disse a argentina, apontando para o enorme contador do estúdio). Que a pressão das derradeiras horas de MasterChef provoque mais tesão na gente.
P.S. 1: dei uma enjoadinha do Leo, campeão de popularidade.
P.S. 2: um amigo meu disse: "Raquel de cabelos soltos é ouro do Brasil!".
P.S. 3: dos três finalistas, a comida que mais me apetece é a da Bruna. Daqui do sofá, costuma parecer a mais saborosa. Pronto, falei: vai, Bruna!