SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Se foi dizendo que "aceita esse emprego de cobaia" que Lauana Prado explodiu no Brasil todo, em seu trabalho, hoje, não há nada de amador. Sócia do escritório Escala 1 com Ana Paula Paes Leme e Mikelly Medeiros, ex-mulher do sertanejo Fernando Zor, a cantora do hit "Cobaia" agencia a própria carreira e cuida de perto de todos os detalhes dos shows. Em seu staff, tem cerca de 50 profissionais.
Agora, a artista grava seu novo projeto, um DVD filmado no parque de diversões Hopi Hari, próximo a Campinas (interior de São Paulo). O lugar foi escolhido por acaso -ela estava passando em frente ao parque, voltando de uma viagem, e teve o insight.
O nome do álbum, "Livre", veio depois. "É uma palavra simples, mas que carrega um significado profundo. A gente vê tantas pessoas hoje deixando de ter liberdade de expressão, liberdade na cultura, na vida", conta ao F5 a cantora natural de Goiânia (GO).
Das 16 canções que compõem o novo trabalho, 14 são inéditas e 13 levam a sua assinatura. A produção musical é de Fernando Zor (par de Sorocaba), que também participou da gravação. Além dele, Lauana convidou as duplas Matheus e Kauan, Bruno e Marrone e o grupo de reggae Maneva. "Queria pessoas que, além de ídolos, tivessem um trabalho que eu admirasse", diz.
Mas se hoje Lauana desponta como principal aposta do mercado feminino de sertanejo, no começo da carreira a artista precisou superar os olhares de reprovação. A começar pelo seu "look", pouco convencional no meio --além das tatuagens aparentes, ela costuma usar dreads no cabelo.
"As pessoas tinham uma certa resistência, sofri preconceito por conta do meu visual. Mas conseguimos quebrar isso musicalmente, ganhando o ouvido das pessoas e o nosso espaço. Ser livre é isso", diz a cantora.
Lauana conta que as influências de outros ritmos que traz para as composições sertanejas, como o pop e o reggae, já foi alvo de críticas. "O sertanejo é um estilo democrático, mas temos que quebrar muitas barreiras de ego, principalmente".
No fim de setembro, ela lançou um clipe em parceria com Edi Rock, dos Racionais MC's. "Eu procuro ser o mais plural possível na minha sonoridade, até porque o Brasil é muito plural". A intenção com essa mistura, diz, é cantar o que agrada e gera identificação das pessoas de norte a sul do país.
A artista também não gosta de dar rótulos para sua música, ou de classificá-la como "feminejo". "Entendo o 'livre' do meu álbum como um novo momento em que não precisamos mais fazer essa analogia de homem ou mulher. Ser livre é fazer o som que você quer, com qualidade, comunicando ao máximo de pessoas possíveis. A mulher já conquistou o seu espaço nessa música", avalia.
Mesmo com a agenda apertada -Lauana tem feito, em média, 18 shows por mês-, a goiana que hoje reside em São Paulo não quer deixar de compor. "Com certeza a falta de tempo torna tudo mais difícil, mas eu faço meu trabalho com muita vontade, determinação. Eu amo escrever. Talvez em outro trabalho eu não consiga mais escrever tanto, mas aí vou ter novos objetivos. E tudo bem."