FOLHAPRESS - No filme argentino "As Filhas do Fogo", um casal de mulheres se reencontra após um mês separado. Do que dá mais ou menos para entender de um diálogo, a que chegou de navio a Ushuaia estava num lugar ainda mais extremo, ainda mais frio, cheio de neve.
Mas antes de entendermos, mais ou menos, isso, já vimos a mesma garota acocorada num chão verde se masturbando com um vibrador.
Depois, o casal vai a um bar, onde são ofendidas por homofóbicos. Envolvem-se então em uma briga, quando conhecem outra mulher, que as ajuda na pancadaria. Ao deixarem o bar, as três se beijam.
Após uma noite juntas, seguem numa viagem de carro por onde vão encontrando outras mulheres que se juntam a elas, no carro e no sexo.
É com esse fiapo de história que o longa segue por quase duas horas, com diálogos parcos, atuações sofríveis, uma voz off reflexiva um tanto irritante e muito, mas muito, sexo.
A voz off propõe a todo o tempo uma reflexão sobre as possibilidades de se fazer um filme pornográfico, isso sem usar estereótipos e sem, segundo a voz, retirar a subjetividade da mulher, sempre objetificada em pornôs.
A voz impõe uma metalinguagem ao filme e faz a sua panfletagem sobre amor livre, sexo e gozo. Mas não consegue, no entanto, fazer com que o longa avance para além do pornográfico.
Pode ser libertário -ainda que estejamos já no século 21-, pode ser importante para a representação do sexo lésbico e do gozo feminino, mas segue sendo um filme pornô, no qual a multiplicação de cenas de sexo, na maioria das vezes grupal, torna a experiência do espectador enfadonha, ainda mais numa pudica sala de cinema.
AS FILHAS DO FOGO
Produção: Argentina, 2018
Direção: Albertina Carri
Elenco: Disturbia Rocío, Mijal Katzowicz, Violeta Valiente, Rana Rzonscinsky, Cristina Banegas, Érica Rivas
Avaliação: ruim