Os dois se olham. Alguns passos os separam. Um dia, um deles tinha acreditado que tudo era uma questão de dar os passos certos. Em lugares assim, entre luzes favoráveis e móveis de madeira, ambos começaram tantas relações ao longo da vida, como, algumas vezes, também as terminaram. Seus olhares voltam a se encontrar, demoram-se, enleiam-se, mas como saber o que vai para além desse filtro úmido, poroso e ao mesmo tempo inescrutável, o olhar do outro?
Agora resta a distância, e tudo o que a distância representa. De quem terá sido o gesto? A mão que corre lenta sobre a toalha. Sentados, um frente ao outro, esperam as palavras certas, ou ao menos as palavras adequadas. Em algumas ocasiões, as palavras terão sido sobre vencer os receios, noutras, sobre aceitar a primazia dos fados. Os dedos se entrelaçam levemente, depois se apertam com força. Já nada há entre os dois. Veem-se, de súbito, desnudados. Neste congelamento do instante, sabem tudo o que precisam saber, sabem as bocas, sabem as peles, sabem os ossos: o início do amor, o fim do amor. Veem-se, de súbito, desnudados.
Já nada há entre os dois. Os dedos se entrelaçam levemente, depois se apertam com força. Em algumas ocasiões, as palavras terão sido sobre vencer os receios, noutras, sobre aceitar a primazia dos fados. Sentados, um frente ao outro, esperam as palavras certas, ou ao menos as palavras adequadas. A mão que corre lenta sobre a toalha.
De quem terá sido o gesto? Agora resta a distância, e tudo o que a distância representa. Seus olhares voltam a se encontrar, demoram-se, enleiam-se, mas como saber o que vai para além desse filtro úmido, poroso e ao mesmo tempo inescrutável, o olhar do outro? Em lugares assim, entre luzes favoráveis e móveis de madeira, ambos começaram tantas relações ao longo da vida, como, algumas vezes, também as terminaram. Um dia, um deles tinha acreditado que tudo era uma questão de dar os passos certos. Alguns passos os separam. Os dois se olham.