Ainda que seja a terceira vez que Senhora do Destino vá ao ar (originalmente, em 2004, e, reprisada, em 2009), a expectativa é grande para quem guarda na memória personagens clássicos como Maria do Carmo (Susana Vieira), Giovanni Improtta (José Wilker), Lindalva/Isabel (Carolina Dieckmann) e, claro, a vilã insuperável Nazaré Tedesco (Renata Sorrah).
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Vilã inesquecível
Não é exagero dizer que Nazaré é a vilã mais lembrada e amada de todos os tempos – se é que é possível amar alguém tão cruel, debochada e irônica. Afinal, Naza era bastante versátil...Roubar um bebê dos braços da mãe foi apenas o primeiro de muitos crimes da loira má. Na primeira fase, ainda na pele de Adriana Esteves, a vilã se aproveitou dos conflitos, em pleno Golpe Militar, para sequestrar a pequena Lindalva.
Taxa de mortalidade em alta
O grande objetivo de Nazaré era se casar com o milionário José Carlos (Tarcísio Filho/Tarcísio Meira). E foi esse apenas o primeiro fio de um novelo no qual a megera foi se enrolando cada vez mais ao longo dos anos, e que a levou a elevar consideravelmente a taxa de mortalidade da novela.
Mais de 20 anos depois, o segredo começou a vir à tona. Naza, com medo de perder a filha que amava, foi colecionando vítimas, incluindo, o marido. Começou a saga da escada assassina, principal arma para eliminar quem atravessasse seu caminho.
Criou o monstro e embala
Aguinaldo Silva, criador da icônica personagem, se gaba até hoje da sua criatura. Tanto que adora homenageá-la em outras obras. Em Fina Estampa (2011), a vilã da vez, Tereza Cristina (Christiane Torloni), utilizou várias técnicas da malvada de Senhora do Destino (2004), com direito a um "Obrigada, Nazaré Tedesco" em uma das cenas. Cora (Marjorie Estiano/Drica Moraes), em Império (2014), também usou e abusou de uma escadaria mortal para se livrar dos seus inimigos.
Retorno em 2018
No que depender de Aguinaldo, Nazaré não ficará apenas nas lembranças. O autor anunciou, em seu blog, que a grande vilã voltará em sua próxima trama, prevista para 2018.
"Desculpa, Renata Sorrah, se não falei contigo a respeito antes que a notícia explodisse. Afinal, sem você, não existe Nazaré nenhuma… Porém, agora que foi descoberto o meu segredo de Polichinelo bêbado, confirmo com todas as letras em inglês, para ficar mais enfático: 'Yes, she will be back' (sim, ela voltará)", escreveu ele.
Será? É possível, pois quem garante que a loira má teve fim ao pular daquela ponte lá no último capítulo de Senhora do Destino? Talvez, ela ainda esteja por aí, lépida, faceira e nada modesta.
Vinho da melhor safra
Como diria a própria Nazaré, "É impressionante como o tempo só te favorece, Naza!". Mais de uma década depois, a loira continua rendendo montagens, memes e comentários na internet mundo afora.
A vilã surgiu bem antes da popularidade do Facebook e outras redes sociais. Então, como explicar a existência de tantas fanpages, perfis no Twitter e sites estrelados por Nazaré? Só para se ter uma ideia, o gif (animação formada por várias imagens) “Nazaré confusa” foi compartilhado por internautas do mundo inteiro meses atrás e surpreendeu a sua própria intérprete.
– Eu não sabia que as pessoas viam esses memes de Nazaré nos Estados Unidos, na Europa. Eu sei aqui no Brasil. Todo mundo fala, todo mundo vê e acha engraçado – contou Renata Sorrah ao site Ego.
Outros fatores de sucesso
Mas nem só a Nazaré se deve o sucesso de Senhora do Destino. A novela foi uma feliz união de vários personagens marcantes, bordões inesquecíveis, bons barracos de família – enfim, tudo de que um novelão precisa ter para atrair a atenção do público.
– O saudoso José Wilker, morto em 2014, interpretou o queridíssimo Giovanni Improtta, um bicheiro canastrão, mas adorável. Com seus bordões hilários como "É 'felomenal'" e "O tempo ruge, e a Sapucaí é grande", o personagem caiu no gosto popular e virou até filme.
– Duas grandes paixões nacionais se uniram graças a Senhora do Destino: novela e Carnaval. Ficção e realidade se misturaram quando a Unidos de Vila São Miguel, ou melhor, a Grande Rio, entrou na Avenida com grande parte do elenco. O enredo não poderia ser outro: "Maria do Carmo, a Senhora do Destino".
– Nem só de realismo fantástico vive Aguinaldo Silva. Senhora do Destino contou um pouco da história do Brasil, desde os tempos da Ditadura Militar até os dias atuais.
– A novela foi uma das primeiras a mostrar um casal homoafetivo com naturalidade. O romance de Eleonora (Mylla Christie) e Jenifer (Bárbara Borges) foi exibido sem cortes nem preconceito.
– Nazaré não foi a única vilã reinante da trama. A trupe do mal de Senhora do Destino tinha ainda outros integrantes de peso: Reginaldo (Du Moscovis), Josivaldo (José de Abreu), Viviane (Letícia Spiller) e Cigano (Roney Marruda).
Despedida
Miriam Pires, a Clementina da trama, morreu a poucos meses de terminar a novela, vítima de toxoplasmose. Ela ganhou uma homenagem em um capítulo.
Bateram na trave no quesito maldade
Desde março de 2005, quando Senhora do Destino chegou ao final, não houve outro vilão tão popular como Nazaré Tedesco. Alguns chegaram perto, mas jamais se igualaram às maldades da grande megera do horário nobre.
– Bia Falcão (Fernanda Montenegro), em Belíssima (2005), teve seus grandes momentos. Infernizou a vida de muita gente, mas jamais roubou bebês nem matou alguém com as próprias mãos.
– Carminha (Adriana Esteves), de Avenida Brasil (2012), poderia ser a irmã caçula de Naza, mas se regenerou no final.
– Félix (Mateus Solano), de Amor à Vida (2013), chegou perto de se igualar à crueldade de Nazaré. Afinal, pior do que roubar o bebê de uma estranha, só mesmo raptar a própria sobrinha e jogá-la em uma caçamba de lixo. Tudo iria bem (ou mal, no caso), se o amor pelo Carneirinho, Nico (Thiago Fragoso), não tivesse redimido um personagem com tanto potencial.
– Marta (Lilia Cabral), em Páginas da Vida (2006), rejeitou a neta recém-nascida por ela ter síndrome de Down e foi incapaz de amar o outro neto, além de humilhar os filhos e o marido. Mas era apenas uma mulher amarga e vazia, não a ponto de matar.
– Em A Favorita (2008), Flora (Patrícia Pillar) pecou pelo excesso. Não amava ninguém, não perdoava nem a própria filha, matava como quem cortava as unhas. Mas não tinha o bom humor da velha Naza.
Tiro certo
São vários os fatores, mas não há uma fórmula da "vilã perfeita". O certo é que Nazaré Tedesco foi uma combinação certeira de características que a tornaram única. Uma delas, obviamente, é a interpretação de Renata – ou alguém imaginaria outra atriz fazendo aquelas caras e bocas?
Amem ou odeiem, as "antas nordestinas", "songamongas" e "flageladinhos", como ela mesmo dizia, que se preparem... Naza volta ao ar a partir de hoje!
Na sequência
A reprise de Cheias de Charme (2012) só termina na próxima semana. Até lá, serão duas novelas no Vale a Pena Ver de Novo. Começa com Senhora do Destino.