Teve rock, pagode, funk, forró, reggae e tudo o mais que cabe no universo da atual música pop no Brasil. Inegável é que o rap esteve na linha de frente das atrações do Planeta Atlântida 2017. Confira, a seguir, alguns momentos que marcaram a 22ª edição da festa, que arrastou 80 mil pessoas à Saba, em Atlântida
Que bonito, hein
O show era de Jeremih, mas quem brilhou mesmo foram Ludmilla e Anitta. A primeira era a convidada oficial do rapper norte-americano. A segunda entrou sem ser convidada, mas levou o público ao delírio. Já passava das 3h da madrugada de domingo quando Anitta – que havia se apresentado pouco mais de uma hora antes – invadiu o palco no momento em que Jeremih apresentava sua última música solo, Don’t Tell. Ela dançou e sensualizou ao lado do cantor, para surpresa de todo o público.
Se Anitta tentou roubar a cena com Jeremih, Ludmilla provou que também sabe colocar o povo para dançar. A outra funkeira a se apresentar na segunda noite do Planeta fez uma passagem rápida – cerca de meia hora – e só tocou hits. Para começar, cantou ao lado do rapper a música Tipo Crazy. Os dois chegaram a ensaiar um beijo no palco, provocando a gritaria dos presentes (foto no alto). Quando ele deixou o palco, Lud tomou conta da festa e fez a galera ferver ao som de seus maiores sucessos, a exemplo de 24 Horas, Te Ensinei Certin, Sem Querer, Bom e Sou Eu.
Nos bastidores, Anitta seguiu acompanhando a apresentação da colega e foi flagrada cantando e dançando Hoje, música com a qual Ludmilla encerrou o Planeta Atlântida 2017.
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Rap e funk ditam o ritmo
Dois universos estiveram em conexão nos palcos do Planeta. Funkeiros e rappers dividiram espaço e simbolizaram o destaque que os gêneros vêm conquistando no mercado musical nos últimos anos. Do hip hop, teve Emicida e Projota, com suas letras engajadas e românticas. Pai e filho, Marcelo D2 e Sain levaram a parceria familiar para o palco. Jeremih apresentou o rap dos EUA, país onde o hip hop nasceu nos anos 1970.
Um dos destaques foi a parceria de Karol Conka e Gabriel O Pensador. Karol abriu a apresentação e jogou o público para a Gandaia – um de seus hits. Depois, ela e Gabriel cantaram junstos Olhos Coloridos, de Sandra de Sá, e Solitário Surfista, de Jorge Ben Jor. Depois o rapper fez a sua apresentação com músicas conhecidas do público, como Cachimbo da Paz. O Pensador ainda participou do show de Armandinho, no Palco Planeta, além de se apresentar sozinho no Palco Complex.
A união entre rap e funk se deu com Projota e Anitta, quando o rapper subiu para cantar com a funkeira a música Cobertor. A tradição do funk carioca ainda esteve representada, neste ano, por Ludmilla, MC Bin Laden e DJ Marlboro, um dos pioneiros do gênero.
Ah, eu sou...
As homenagens ao Rio Grande do Sul por parte dos artistas já são uma marca incontornável do Planeta. Desta vez, alguns surpreenderam. O primeiro foi Tiago Iorc, que se denomina "quase gaúcho", por ter morado parte da adolescência em Passo Fundo, e se considera um planetário. Foi um romance de verão que ele viveu no Planeta, em 2003, que serviu de inspiração para muitas de suas composições.
– Me apaixonei no Planeta. Cheguei em Passo Fundo e escrevi 70 músicas – contou, antes de entrar no palco na primeira noite de festival.
Outro "quase gaúcho", Gabriel O Pensador revelou nos bastidores ter influência da música e da cultura do Rio Grande do Sul por conta do pai e do avô gaúchos.
No sábado, Projota afirmou que no Sul está seu "melhor público". Ele lembrou de referências locais para o rap, como Da Guedes e Nitro Di, e revelou que tem vontade de gravar seu próximo DVD em Porto Alegre.
Comemorando 20 anos de estrada, o grupo Sorriso Maroto também homenageou o Estado. Ao fim do show, o vocalista Bruno Cardoso selou a lua de mel com o público ao se enrolar em uma bandeira do Rio Grande do Sul.
Mas o maior destaque mesmo foi Wesley Safadão que, na primeira noite, abriu seu show com o clássico Querência Amada, de Teixeirinha.
Uma noite especial
Tiago Iorc subiu ao palco após o já tradicional Hino Rio-Grandense entoado por Neto Fagundes. O músico, que é brasiliense mas já morou em Passo Fundo, fez um show recheado de homenagens ao Rio Grande do Sul. Na metade final da apresentação, após apresentar Me Espera, que gravou ao lado de Sandy, e sua versão de Bang!, de Anitta, o músico emendou Dia Especial, da Cidadão Quem, e Sorte, conhecida na voz de Gal Costa, mas que também fez sucesso em uma versão dos Papas da Língua.
Ao fim, citou um de seus ídolos de infância, Duca Leindecker:
– Obrigado, Duca!
Planeta de gerações
Em 21 anos de existência, o Planeta Atlântida já viu milhares de jovens passarem pela Saba, em Atlântida. Alguns deles agora retornam com seus filhos. É o caso de Ana Cristina dos Santos Baptista, 41 anos, e Steffani Baptista Ribeiro, 14, que viveram emoções distintas. Enquanto, para a mãe, a sensação era de reencontro – havia curtido apenas um Planeta na vida, o primeiro de todos, em 1996 –, a menina alcançou, em julho do ano passado, a idade para fazer sua estreia como planetária. As preferências de cada uma sintetizam a diferença de gerações: Ana Cristina ansiava pelos shows de Capital Inicial, Marcelo D2 e CPM 22, enquanto a filha queria ver Projota, Anitta e Ludmilla.
Paz, amor e consciência
Foi com um set list de 25 músicas que Armandinho voltou ao Planeta. O regueiro tocou seus principais hits, além de passar mensagens de paz e amor. O público cantou junto músicas como Reggae das Tramanda e Toca uma Regueira Aí!. O músico selou sua lua de mel com os planetários conversando com os presentes ao longo de uma hora de show. Em uma das intervenções, pediu para que os presentes imitassem a atitude dos torcedores japoneses na Copa do Mundo e recolhessem o lixo antes de ir embora.
Ao fim, resumiu a performance com um elogio aos espectadores:
– Que show! Que show que vocês deram. Nós somos só um espelho de vocês!
Capital do rock
O rock’n’roll resiste no Planeta. Outrora o gênero mais popular entre a garotada, o rock foi representado, na edição 2017 do festival, por um de seus expoentes no país nos últimos 30 anos. Em seu show, o Capital Inicial fez valer sua história, tocando 15 músicas de toda a carreira da banda, começando com Depois da Meia-Noite e emendando Independência, Quatro Vezes Você, Olhos Vermelhos, À sua Maneira, Natasha, Primeiros Erros e Fátima.
Antes da cover de Que País É Esse?, da Legião Urbana, o vocalista Dinho Ouro Preto – um show à parte, devido à empolgação e à sintonia com o público – aproveitou para fazer um discurso político.
– Ainda que tenha sido composta há mais de 30 anos, essa música continua atual – disse, antes de criticar políticos que habitam Brasília, sua terra natal, e o cenário político nacional como um todo.
Muito romântico
Atração internacional da primeira noite, o norte-americano Jason Mraz fez um show digno de seu tamanho: cantou seus principais sucessos, transmitiu mensagens de amor ao público e embalou os casais de planetários com suas músicas românticas.Lá pelas tantas, pediu para que a plateia parasse e respirasse fundo. Fez isso por três vezes. E explicou:
– Este show está de tirar o fôlego.
Em meio a mensagens de exaltação ao amor e incentivos ao público para que este pratique mais ações simples de carinho, como abraçar, Mraz tocou sucessos como Lucky, 93 Million Miles e, principalmente I’m Yours – músicas que, inevitavelmente, renderam abraços e beijos apaixonados entre os casais da plateia.
Ao fim de mais de uma hora e meia de show, ainda arriscou uma cover de Bob Marley – Three Little Birds.