Em uma região conflagrada pelo tráfico, pela violência e pelo crescente medo da população em fazer coisas simples, como circular pelas ruas e ter diversão perto de casa, os integrantes do projeto Temperô pensaram em uma iniciativa pra lá de importante. E não só do ponto de vista musical, mas também social e cultural. Moradores da Vila Cruzeiro, no Bairro Cristal, os músicos notavam que, há tempos, os moradores da região não tinham opção de entretenimento e música por ali, e precisavam se deslocar para outros bairros.
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Decidiram, há cinco meses, criar a roda de samba do Temperô, que acontece aos sábados, no Bar do Kaká, na Avenida Cruzeiro do Sul, a partir das 19h30min. E o melhor: a função é de graça.
– A gente estava notando que a galera tinha que ir pra longe pra curtir um bom samba e pagode. E a ideia é que o povo consiga curtir algo perto de casa, tomar sua cervejinha e voltar a pé para casa – afirma Douglas Tody (banjo e voz).
Por uma mudança de cultura
Além de dar boas opções para o povo da Cruzeiro, o projeto dos guris também tem outro objetivo bem nobre: melhorar a imagem da Cruzeiro no restante da Capital.
– Querendo ou não, existe um preconceito contra o pessoal da Cruzeiro, pela questão do tráfico, que gera tiroteio e muito medo. A gente quer trazer um pouco de paz, harmonia e afeto para o povo da Cruzeiro. E aqui, droga não tem vez. A gente mesmo fica de olho, se vê alguém usando alguma coisa (droga), paramos a roda e pedimos para o cara sair. É zero confusão – assegura Tody.
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O resultado disso tudo? Entre 300 e 400 frequentadores por semana, curtindo o melhor do samba e do pagode feito no país, com participação especial de integrantes de outras bandas da Capital.E deu tão certo que os músicos pretendem levar o projeto para outros bairros, em 2017.
– Vem gente da Lomba do Pinheiro, do Teresópolis, da Zona Norte, da Zona Sul. E muitos pedem que a gente vá para o bairro deles. A ideia é que seja como no Rio. Lá tem a roda de samba do (grupo) Clareou, por exemplo, que começou neste formato, na comunidade, e hoje é um sucesso – afirma Tody.
Além de levar o projeto para outras regiões, os integrantes da função pretendem, aos poucos, incluir repertório próprio nos shows. Ainda integram o grupo Pedro (rebolo), Daniel (violão), Douglas Tody (banjo e voz), Mauricio (pandeiro), Tiago (tam-tam)e Lico (cavaco).
Pitaco de quem entende
O produtor artístico Adriano Brasil opina sobre o som do Temperô:
– São bons músicos, com rodagem por alguns grupos de Porto Alegre. O entrosamento deles chama atenção, a banda é redondinha. Mesmo que uma roda de samba tenha como principal característica tocar sucessos, é importante incluir músicas próprias, faz com que o artista crie sua marca.
Aqui, o espaço é seu!
– Para falar com o Temperô, ligue para 98024-5269.
– Para participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas em MP3 ou clipe e um telefone de contato para jose.barros@diariogaucho.com.br.