A cada episódio, um candidato é eliminado do MasterChef Brasil. Essa é a principal notícia de cada programa, ainda que de vez em quando alguma treta, alguma palhaçada ou algum momento se imponham. É o placar do jogo de futebol, é o resultado de uma votação, é o filme vencedor do Oscar (que também termina tarde pra caramba), é aquilo que, no dia seguinte, as pessoas vão procurar saber. Por isso, não raro meus textos revelam, de cara, quem foi mandado embora. Mas tem gente que, sem perdão do trocadilho, fica de cara ao deparar com um título e/ou uma foto que entrega o eliminado da noite. É o pessoal que não assiste ao vivo, digamos, o MasterChef, que vê em horários alternativos. Hoje estou dando uma colher de chá para essa turma – olhem quantas linhas já gastei sem dizer que (...) deu adeus ao avental no episódio desta quarta-feira, o primeiro daquela que seria a fase dois-por-semana da competição (na manhã desta quarta-feira, a Band informou que voltará a exibir apenas um episódio por semana, nas terças-feiras, e, assim, o MasterChef só terminará em agosto).
Quem não deu colher de chá foram os jurados. Já era hora, né? O grau de exigência foi alto no episódio. Na primeira prova, a da caixa misteriosa, os nove remanescentes foram divididos em trios para, em cada equipe, preparar três tortas doces. Uma caixa tinha nozes, frutas vermelhas e manjericão. Outra, pitaia, vinho do porto e castanha do Pará. E a terceira, pistache, tangerina e pimenta do reino.
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Bruna, vencedora da noite anterior, teve o privilégio de formar os times e decidir quem seriam os capitães. A mineira, que é chata mas não é boba, escolheu comandar Luriana e Paula. Deixou sua rival Raquel sob as ordens de Fábio e na companhia de Lee. E juntou Aluísio, Leonardo e Pedro, fazendo deste último o líder, numa jogada ardilosa, segundo Raquel:
– Ela sabia que o Leo, que nunca foi líder, queria ter a oportunidade. Ao indicar o Pedro, ela cria um desconforto, desestabiliza a equipe.
Por ter essas prerrogativas e por ser a grande confeiteira do programa, Bruna admitiu que teria de "brilhar mais do que o sol de verão no Rio de Janeiro". Mas não foi o que aconteceu. O time vencedor foi o de Fábio – e, de fato, a torta do Lee, com massa de castanha, uma espécie de ganache de chocolate e espuma de banana, tirou meu sono e acordou minha barriga –, e quem brilhou no trio de Bruna foi Luriana, com a torta de frutas vermelhas (que também despertou o pior dos meus pecados). A mineira errou a mão na sua torta de limão com manjericão. Tinha muito açúcar, segundo Jacquin (que, aliás, antes de prová-la, disse que Bruna era muito convencida. Verdade).
Veio a prova de eliminação, com cada um por si. Bruna, Paula, Luriana, Pedro, Leo e Aluísio tinham de repetir três pratos de camarão escolhidos pelos chefs: ceviche de camarão (da Paola), camarão no vapor com aioli (Jacquin) e camarão recheado no forno (Fogaça). Pausa sincera: a dose dupla de MasterChef no meio da semana cobrou seu preço. Como o episódio avança pela madrugada, acabei cabeceando bastante nessa parte da prova. Tenho na memória flashes, mas não a cena toda. Portanto, perdão se eu não destacar que a Bruna pode ter exagerado na pimenta em seu ceviche; que o Leo errou o ponto de seus camarões; que o aioli – uma dor de cabeça para o sexteto – da Luriana e do Aluísio recebeu críticas, assim como a farofa de pão da Paula; e perdão se eu não destacar os erros que – ÚLTIMA CHANCE PARA QUEM NÃO QUER SPOILERS – causaram a eliminação do Pedro: esquecer coentro e pimenta no ceviche que ele começou a preparar muito em cima da hora, servir camarão sujo, preparar mal o camarão no vapor e o aioli.
O que eu quero destacar é que, se na terça-feira os jurados eliminaram o personagem mais querido, o engraçado Fernando, um campeão de popularidade, na quarta-feira foi a vez de mandar embora o personagem mais detestado. Pedro fez por merecer a antipatia de grande parte do público – inclusive a minha, que no início nem o achava tão mala como diziam. Era arrogante sem ter talento que pudesse justificar. Era teimoso: volta e meia discordava da avaliação dos chefs. Era dissimulado: nos seus depoimentos particulares, falava mal pelas costas dos colegas. Era egoísta: nas provas de equipe, preocupava-se apenas com o seu desempenho.
Pedro fará falta ao MasterChef? De certa forma, sim, pois é sempre bom, para uma atração televisiva, ter alguém que encarne o vilão. Mas os oito remanescentes – faltam só oito! – têm potencial, tanto do ponto de vista culinário (para mim, não há dúvida de que são os oito melhores desta temporada) quanto do ponto de vista narrativo. Será que a ronha Raquel versus Bruna vai explodir? O instável Aluísio vai vingar ou afundar de vez? Fábio e Leo, que estão correndo por fora, vão tomar a frente? Luriana vai controlar sua insegurança? Paula vai controlar suas piadinhas? Lee vai controlar seu pedantismo? Não aguento mais ouvi-lo falar em inglês!
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