Um dos principais nomes da música brasileira na atualidade, o cantor paulistano Emicida volta a se apresentar hoje em Porto Alegre. Volta é o termo apropriado: depois de esgotar rapidamente os ingressos para o show de lançamento do disco Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa (2015), em novembro passado, o rapper sobe ao palco do Opinião para mostrar novamente ao público gaúcho a mistura de gêneros para além do rap e as letras de cunho social que são a marca de seu trabalho.
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Emicida concorda que sua sonoridade é calcada em ritmos brasileiros, mas discorda “radicalmente” de que seu trabalho faz um “resgate da música do país” – que, para ele, está “viva” e “livre”.
– Há algum tempo, eu levaria essa reflexão para o campo da fusão de ritmos, mas acho que o que estamos fazendo é construir nossa própria linguagem, assim como o Caetano tem a dele e o Pixinguinha tinha a sua. É difícil empobrecer a arte se você tiver o coração aberto para compartilhar. Isso é a essência do hip hop, e isso é o que me orgulha nos meus colegas de rima – explica o cantor, citando artistas como Liniker e Mahmundi.
A exuberância sonora das canções de Emicida não é o único ponto forte de suas apresentações. Letras como a de Boa Esperança(“Os camburões, o que são?/ negreiros a retraficar/ favela ainda é senzala, ‘jão’/ bomba relógio prestes a estourar”) transformam seus shows em grandes celebrações de caráter conscientizador. Para o rapper, as reflexões propostas são, também, uma forma de se conectar com o público.
– Às vezes, o pessoal só capta o que diz a letra depois, mas é fundamental que se estabeleça a conexão. No show em si, as letras são elementos complementares, conversamos mais com os quadris, digamos, mas também com o coração e com o cérebro, sem subestimar nenhum deles – escreve, em entrevista concedida por e-mail.
O improviso faz com que cada apresentação seja diferente da anterior:
– Posso mudar tudo na hora, de acordo com a energia que se cria ali. Às vezes, fica mais denso, noutras, mais alegre. Depende da energia do baile.
Atento aos episódios recentes na política brasileira, Emicida faz críticas ao governo interino comandado por Michel Temer, segundo ele “um conspirador que age nas sombras”. A extinção do Ministério da Cultura, para o rapper, é “um dos muitos tiros no pé que o Brasil vai dar nos próximos tempos”.
– Pulamos da fogueira para o fogo – resume Emicida.
EMICIDA APRESENTA “SOBRE CRIANÇAS, QUADRIS, PESADELOS E LIÇÕES DE CASA”
Hoje, às 23h.
Classificação: 16 anos.
Opinião (José do Patrocínio, 834), em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 45 (mediante a doação de 1kg de alimento não perecível), R$ 80 (inteira) R$ 40 (idosos e estudantes). Desconto de 50% para sócios e acompanhantes do Clube do Assinante.
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