Na SP-Arte não era ouvida a costumeira choradeira das dificuldades do mercado. Movimento havia, inclusive de gaúchos do meio. Já no dia da abertura da SP-Arte foi vendida a obra de Beatriz Milhazes, exposta em lugar de destaque no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, por R$ 16 milhões, obra da galeria Dan. Para fazer contatos e se posicionar como imagem de galeria e, claro, vender, as galerias nacionais e internacionais criaram exposições para atrair o público. Em geral, o acervo das obras era variado para representar a proposta de trabalho. Poucos pareciam uma mostra individual.
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Entrevista com a galerista Marga Pasquali
Depois de mais de uma década de SP-Arte, a galerista Marga Pasquali acredita que o público está vendo a feira como uma bienal – "tem que visitar" – com um volume de visitantes gaúchos grande este ano, em relação às edições anteriores. Desde 2005 a sua galeria participa: antes, era importante porque a Bolsa de Arte em Porto Alegre estava distante do eixo Rio-São Paulo e agora, com galeria paulistana, porque participa da vida da cidade. Circulam pela SP-Arte compradores, diretores de museus, artistas e curadores que fazem parte do universo dos galeristas.
– É fundamental estar na feira – reitera Marga, sentada à frente de um desenho feito de grafite sobre papel do paranaense Francisco Faria que a Bolsa representa há cinco anos e pretende expor no segundo semestre em São Paulo.
Como não é possível mostrar os 40 artistas representados pela galeria, mostrou uma seleção para mostrar a "cara da galeria", composta, entre outros, por uma obra de 1967 de Antonio Henrique Amaral, falecido em abril do ano passado, neste momento com uma exposição nos Estados Unidos, e por peças tridimensionais de Saint Clair Cemin.
Entrevista com a curadora da Mamute, Bruna Fetter
No espaço Show Case da SP-Arte, na área mais descolada da feira, era possível expor até três artistas. E foi o que fez a galeria Mamute, de Porto Alegre. Com a curadoria de Bruna Fetter, a ideia foi criar uma pequena exposição com trabalhos dos representados Bruno Borne, Ío e Pablo Ferretti, três jovens artistas representando uma jovem galeria. Bruna ressalta a sua proposta para a estreia da Mamute nesse circuito:
– Escolhi três que têm uma poética forte, impactante, que mereciam este tipo de visibilidade. Antes de tudo, queria passar uma ideia de galeira forte conceitualmente. Optei por fazer uma exposição com relações cromáticas e formais entre as obras, com a ideia de propor um percurso visual.
*Eleone Prestes viajou a São Paulo a convite do Grupo Allard e da SP-Arte