Cícero tem uma ligação especial com Porto Alegre. Nascido no Rio de Janeiro, o músico não sabe explicar o motivo, mas vê na capital gaúcha um dos públicos mais receptivos aos seus trabalhos – foi assim com Canções de Apartamento (2011) e Sábado (2013), o que continuou com A Praia (2015), disco com o qual o músico já veio a Porto Alegre e que está disponível na íntegra na internet.
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A ideia sempre foi começar a turnê de A Praia em Porto Alegre, mas um show em Curitiba acabou empurrando a cidade para o posto de segunda da turnê, em abril do ano passado. Agora, com a apresentação renovada e após passar uma curta temporada na Europa, o artista volta com o mesmo disco, mas com um espetáculo completamente diferente – o show acontece neste sábado, no Opinião, a partir das 20h, com ingressos já à venda a R$ 80.
Confira os principais trechos da entrevista de Cícero a ZH.
Este é o segundo show da turnê A Praia em Porto Alegre. Isso significa que a aceitação do público foi boa. Como você encara essa situação?
Eu sempre volto muito a Porto Alegre. Por uma questão misteriosa, a cidade tem uma afinidade boa com a música que eu faço. No Canções de Apartamento, o primeiro show já estava cheio, e eu voltei mais duas vezes. Em Sábado, eu fui duas ou três vezes e sempre foi legal. Com A Praia, a ideia era fazer o primeiro show já no Opinião, mas acabou sendo marcado um em Curitiba. Depois de um ano de turnê, o show se transforma muito, muda a dinâmica, o artista fica mais seguro, a gente vê o que gosta e o que não gosta. Eu acho saudável ir no começo da turnê e depois no final. Entre o pessoal que faz música, é meio sabido que o show fica bom mesmo no fim da turnê.
O que mudou no show durante esse tempo?
Eu acabei de vir de Portugal, e lá mudou totalmente. É outra parada, outra relação. Você volta para o Brasil com o som mudado. A gente mexeu no show para a Europa, está em outra onda. Antes, era mais uma celebração das minhas composições. Agora está com um setlist mais amarrado, tem músicas que voltaram, a ordem das músicas mudou, os timbres foram mexidos, nós refizemos todas as programações eletrônicas, tem pedal novo, as músicas dos outros discos não estão mais com os mesmos arranjos, deixaram de ser tão anos 1960 e estão mais contemporâneas. Não vou dizer que é um show mais moderno, mas que está com a sonoridade mais parecida com A Praia.
Como você explica essa relação com Porto Alegre?
Não sei exatamente o que é, mas eu desconfio que seja porque eu ouvi muita coisa de Porto Alegre na infância e na adolescência. Ouvi enlouquecidamente Bidê ou Balde, todos os discos, ouvi muito Engenheiros do Hawaii, porque meus pais ouviam, tive uma fase viciada em Júpiter Maçã. E sigo acompanhando as coisas que saem daí: participei do show da Apanhador Só em São Paulo, tem a molecada da Dingo Bells, que lançou disco agora. Eu carrego na minha memória musical as canções de Porto Alegre. Talvez isso faça com que eu soe familiar para o público gaúcho. E não é só o fato de ser bem recebido, é a forma como o pessoal de Porto Alegre curte o show. Não sei se por causa da pureza rock 'n' roll da cidade, mas é um sempre um show em que as pessoas gritam, sobem no palco, se divertem. Tem lugares em que a galera vai para apreciar e ficar calada, em Porto Alegre não é assim. Isso é bom para cacete para quem toca.
Ouça o disco A Praia, de Cícero, na íntegra: