Depois que Henrique de Freitas Lima registrou em Danúbio a trajetória de Danúbio Gonçalves – primeiro episódio de uma série que o diretor batizou de Grandes Mestres –, é a vez de outro dos integrantes do chamado “grupo de Bagé” chegar às telas: Glauco Rodrigues (1929 – 2004). O filme Glauco do Brasil (2015), documentário sobre a vida e a obra de um dos maiores artistas plásticos do país, está em cartaz na Capital no Guion Center 3 e na Sala Eduardo Hirtz. A direção é de Zeca Brito, realizador gaúcho que estreou no longa-metragem com o drama O Guri (2011) e que atualmente está finalizando a ficção Em 97 Era Assim.
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Glauco do Brasil ressalta a importância do pintor, desenhista e gravador gaúcho no panorama da arte brasileira do final do século 20. Por meio de filmes e imagens de arquivo e de depoimentos de especialistas e amigos célebres como Ferreira Gullar, Gilberto Chateaubriand, João Bosco, Luis Fernando Verissimo e Frederico Morais, a produção advoga uma posição de centralidade no movimento tropicalista e até mesmo um pioneirismo na arte pop brasileira para Glauco – um dos fundadores dos clubes da gravura de Bagé e de Porto Alegre. Esse reconhecimento póstumo teria ganho força com a exposição O Anjo da História, individual do artista realizada na Escola de Belas Artes de Paris em 2013, com curadoria do teórico francês Nicolas Bourriaud – um dos entrevistados do filme.
Diretor artístico do Festival Internacional de Cinema da Fronteira, Zeca Brito revela no começo de Glauco do Brasil uma ligação precoce com o sujeito de sua obra: uma das entrevistas que costuram todo o filme foi gravada com uma câmera amadora pelo realizador em 1998, com apenas 12 anos de idade, durante o aniversário do pintor, comemorado em Bagé – cidade natal de ambos. O diretor, porém, logo deixa esse viés personalista em segundo plano para privilegiar a ênfase à relevância do trabalho de Glauco Rodrigues – artista que se destacou primeiro como cronista visual da lida do homem do campo gaúcho e que mais tarde, já morando no Rio, traduziu em imagens e metáforas vigorosas a contraditória geleia geral da cultura nacional.
Glauco do Brasil
De Zeca Brito
Documentário, Brasil, 2015. 90min.
Em cartaz nestes SÁBADO DOMINGO (19 e 20/3) nas salas:
Guion Center 3 (18h40)
Sala Eduardo Hirtz (15h30, 19h30)