Diversos profissionais envolvidos com o cenário musical que estiveram no show do David Gilmour nesta quarta-feira opinam sobre a apresentação do ex-guitarrista do Pink Floyd. Confira:
Demais, incrível! O Pink Floyd foi uma banda que me marcou bastante. Eu sou um cara do blues, mas comecei ouvindo muito rock, e é muito legal ter contato com parte dessa banda. Eu já tinha visto o Roger Waters, então tu acabas conseguindo juntar as peças e parece que chegas mais próximo da banda original. E o David Gilmour toca muito bem, tem uma forma de tocar bem marcante. Além disso, o próprio espetáculo trouxe a música em primeiro lugar, o que é bem importante.
Luciano Leães, músico
Foi a noite que voltamos a ser bicho-grilos... Todos que gastaram o vinil do Dark Side of the Moon e tiveram que comprar outro. Todos que foram ver o The Wall no Bristol... A gente já tinha visto o Roger Waters com toda a sua grandiloquência visual e agora vimos a outra parte, mais musical, da guitarra inconfundível, do timbre igual aos discos... E o cara ainda traz o Phil Manzanera, do Roxy Music, outro grande guitarrista. Quem diria que veríamos o David Gilmour tocando Wish You Were Here aqui em nossa cidade. E pra fechar ainda toca Comfortably Numb, que tem um dos solos de guitarra mais legais do rock de todos os tempos.
Mauro Borba, radialista
O cara canta bem pacas, tem grandes canções, mas a grande contribuição do Gilmour pra humanidade é mesmo tocando suas guitarras Fender. Enquanto os guitar heros da sua geração - e das seguintes - buscavam sempre mais notas e volume, o cara desenvolvia um novo conceito de virtuosismo. Ia em busca do bend (aquela puxadinha de mão esquerda), tão desesperado, angustiado e épico quanto afinado. Ia em buscas milimétricas das notas mais agudas, com bend, alavanca e o harmônico certo e, uma vez alcançada a nota, deixar ela gritar, espernear, voar, sem nenhuma pressa de ir pra nota seguinte. Ele te faz chorar com o lirismo de um solo.
Arthur de Faria, músico e jornalista
David Gilmour reacende a chama do Pink Floyd em Porto Alegre
É indescritível receber em Porto Alegre o David Gilmour. O show foi emocionante. Eu me emocionei várias vezes, de ir às lágrimas, e ele também se emocionou ao sentir a reação do público gaúcho com o sol dele. Foi uma noite inesquecível, som perfeito, luz, tudo. Não tenho muitas palavras para descrever, foi uma das coisas mais lindas que eu já vi. Bem Pink Floyd mesmo.
Alemão Ronaldo, músico
Ao lado dos Beatles, o Pink Floyd foi/é minha banda preferida. Mais os Stones, essa é a trindade máxima da história do rock. No Floyd, meu preferido sempre foi David Gilmour, pela voz profunda, perfeita para aquela sonoridade ao mesmo tempo etérea e densa, pela guitarra única, a marca instrumental da banda. Então, dá para imaginar o que senti e quantas histórias passaram por minha memória ao ver e ouvir Gilmour na Arena. Lá pelas tantas, um cara parou ao meu lado e comentou: "Eu nunca imaginei que veria o Pink Floyd em Porto Alegre". Certo ele, era o Floyd que estava ali. A ambientação visual, o perfeito sistema de som, a banda impecável, aquela voz, aquela guitarra, me transportaram aos verdes dias em que fui arrebatado pela música do Pink Floyd. Fechava os olhos e via o Gilmour cabeludo e compenetrado; os abria e lá estava ele, careca e compenetrado, 40 anos depois, fazendo grande música. O tempo não existe.
Juarez Fonseca, crítico musical e colunista do 2º Caderno
Dizer que a força da música do Pink Floyd é impressionante seria como chover no molhado. Desde muito piá, escuto a discografia da banda e por isso, a noite de ontem foi extremamente especial para mim. Me chamou a atenção ver a galera lotando a Arena, transformando o estádio em uma imensa celebração ao "delicado som do trovão": cantando junto, se emocionando e aplaudindo os memoráveis solos de guitarra que tanto nos impressionaram quando ouvimos nos discos.
Depois de ouvir os grandes hits do Floyd, as músicas da belíssima carreira solo do Gilmour e presenciar um mestre da música ali, na minha frente, fiquei pensando em como temos sorte. Provavelmente, somos a última geração que irá ver os grandes nomes da música popular mundial ao vivo, ainda mais na nossa cidade. Músicas que foram trilha sonora da vida, do amor, da angústia, da alegria e muitos outros sentimentos que a galera que foi até a Arena ontem compartilhou com seu vizinho do lado, com o filho, com os amigos ou com alguém que você, de repente, queria que estivesse ali.
Diego Lopes músico, cantor e compositor
David Gilmour é um respiro para que vive aqui. Um respiro de criatividade. Show espetacular. Impecável. Dentro de um oceano repetitivo e cansativo, David Gilmour é uma ilha criativa de música, imagem e um turbilhão de sentimentos. Sendo chato como sou, não poderia deixar de reclamar do público, que não calou a boca e não guardou o celular no bolso. Fora isso, graças a deus, ou seja la o que for, ainda temos o David Gilmour no mundo.
Daniel Tessler, músico
Eu nem sou o maior fã de Pink Floyd que se possa ter, mas o que vimos na quarta-feira à noite em Porto Alegre foi realmente uma grande aula de psicodelia e música. Belísssimas canções, qualidade sonora e produção preocupada com o espetáculo, projeções e música interagindo perfeitamente. Era olhar para o lado e ver um estádio inteiro atônito, hipnotizado por tudo aquilo. Parece que o David tava dando um sinal para toda essa nova onda psicodélica que vem rolando no rock contemporâneo, dizendo algo do tipo: "é assim que se faz, gurizada".
Rafael Rocha, músico