Indicado pelo Uruguai para concorrer a uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro deste ano, Sr. Kaplan (2014) é mais uma prova de que, a despeito da produção numericamente acanhada - no ano passado, não mais do que 16 longas uruguaios chegaram às telas do país vizinho -, a qualidade do cinema dos hermanos está acima da média. Diretor do elogiado Mal Día para Pescar (2009), o realizador Álvaro Brechner levou para a tela o romance El Salmo de Kaplan, do escritor e jornalista colombiano Marco Schwartz.
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A história do filme que entra em cartaz nesta quinta-feira na Capital é ambientada em 1997, em Montevidéu, onde vive Jacobo Kaplan (Héctor Noguera), judeu europeu emigrado por conta da perseguição nazista. Aos 76 anos, o protagonista está cansado da velhice e da rotina medíocre, amargurado por não ter feito nada de notável da vida. A oportunidade de espantar o tédio e quem sabe fazer algo verdadeiramente grandioso surge quando a neta lhe fala sobre um alemão idoso que vive sozinho em uma praia, chamado pela turma da adolescente de "nazista". Seduzido pela história da captura de Adolf Eichmann em 1960 na Argentina - de onde foi levado para ser julgado em Israel pelos crimes cometidos na II Guerra -, ele acredita que o misterioso estrangeiro também é um oficial hitlerista foragido. Com a ajuda do ex-policial Wilson Contreras (Néstor Guzzini), sujeito gorducho e meio paspalho, Jacobo passa a investigar o alemão e a bolar um plano para capturá-lo.
Sr. Kaplan equilibra comédia e drama com inteligência, imprimindo um adequado tom agridoce à narrativa e tirando partido da química entre os atores que encarnam a improvável dupla de caçadores de nazista - com destaque para o ótimo uruguaio Néstor Guzzini, cujo talento já tinha despontado no filme Tanta Água (2013).
SERVIÇO
SR. KAPLAN
De Alvaro Brechner
Comédia, Uruguai/Espanha/Alemanha, 2014, 98min, 12 anos. Em cartaz a partir desta quinta-feira no Guion Center.
Cotação: Muito bom