Faz pouco mais de um ano que Jards Macalé esteve no Theatro São Pedro, para gravar eu primeiro DVD ao vivo, e ele já está de volta para um novo show, a ser realizado nesta quinta-feira, no Salão de Atos da UFRGS. Mais: o cantor e compositor de 72 anos já fala em um novo concerto em Porto Alegre nos próximos meses, para lançar esse DVD, que deve sair em breve pela Som Livre.
- Agora que estou noivo de uma gaúcha (a cineasta Rejane Zilles, de Walachai) não saio mais do Sul - brinca, por telefone, desde o Rio de Janeiro.
A apresentação desta noite integra a série Irreverentes, do projeto Unimúsica, que foi aberta por Arrigo Barnabé em junho e trará, até o fim do ano, nomes como Tom Zé e Luiz Melodia, em shows cujo ingresso pode ser trocado por um alimento não perecível (para esta quinta, os bilhetes já estão esgotados).
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- Para mim, é uma honra ser classificado como irreverente - comenta o artista. - Não sou reverente a nada, a não ser à irreverência.
Em poucos minutos de conversa, o homem de fala mansa e frases inspiradas explica que vai repetir banda e boa parte do repertório da performance de abril de 2014, no São Pedro. Com Leandro Joaquim (trompete), Thiago Queiroz (sax), Victor Gottardi (guitarra), Ricardo Rito (teclados), Thomas Harres (bateria) e Pedro Dantas (baixo), com quem forma a Lets Play That, apresentará releituras de canções históricas suas e de outros autores. São os casos de Farinha do Desprezo (dele e de Capinam), A Banca do Destino (Billy Blanco e Dolores Duran), Canalha (Walter Franco), Juízo Final (Nelson Cavaquinho) e, claro, das clássicas Anjo Exterminado e Vapor Barato, compostas em parceria com Waly Salomão.
Playlist - 12 canções de Jards Macalé:
Poucas músicas são novas, mas Jards Macalé está a mil. Vive um momento de redescoberta - pelas gerações mais jovens. Reeditou dois álbuns clássicos, o compatco Só Morto (1970) e o LP Contrastes (1977). Ganhou dois filmes, Jards, de Erik Rocha, e Um Morcego na Porta Principal, de João Pimentel e Marco Abujamra. E lançou o primeiro registro na íntegra do show Banquete dos Mendigos, que dirigiu com Xico Chaves em 1973. Em 2015, além de filmar com Cláudio Assis (está no longa Big Jato, em finalização), vivencia duas experiências que classifica como inusitadas: o projeto Mulé Mi Nibe, que reuniu artistas para jams baseadas em improviso, e uma iniciativa de Omar Salomão (filho de Waly) que reunirá vários poetas para compor ao vivo - musicados por Macalé.
- É muito interessante essa proposta, vamos ficar uma ou duas semanas trabalhando para ver o que sai - comenta. - É importante que as novas gerações invistam na troca de experiências. No Brasil, a música sempre deu certo quando os artistas se juntaram, socializaram. Não que seja preciso criar movimentos, como no passado. A simples troca é que é fundamental.
Cada apresentação da Lets Play That, de certo modo, se dá com esse espírito de troca. Entre ele e os integrantes da banda, que têm 20 e poucos, 30 anos e vêm se destacando junto a cantoras como Ava Rocha e grupos como a Abayomy Afrobeat Orquestra. Macalé vibra:
- Os jovens têm me mostrado coisas boas. Quando gerações diferentes se propõem a compartilhar vivências, muita coisa acontece. Mas é preciso ser irreverente...
Jards Macalé na série Irreverentes
Quinta-feira, às 20h.
No Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110), fone (51) 3308-3933.
Os ingressos, que podiam ser trocados por um quilo de alimento não perecível, estão esgotados.
Próximos shows do Unimúsica 2015
6 de agosto - Wander Wildner
3 de setembro - Luiz Melodia
22 de outubro - Carlos Careqa
5 de novembro - Tom Zé