Você que sempre choramingou por não ter nascido em tempo de ser hippie ou beatnik e ter de importar LPs de rock psicodélico... Sorria, seus problemas acabaram - pelo menos por uma noite. A banda californiana Allah-Las apresenta no Beco, este sábado, uma espécie de resumo do som sessentista. O quarteto não é uma banda de covers, isto seria menosprezá-los, mas condensa como poucos rock de garagem, psicodelia e surf music.
Ouvir os dois discos do Allah-Las é lembrar de The Animals, Love, The Byrds, Rolling Stones e muitos outros grupos daquela década. O vocalista Miles Michaud conta que até os equipamentos usados são retrô:
- Usamos amplificadores e guitarras dos anos 1960 e 70. Foram fabricados com maior qualidade do que os equipamentos de hoje.
Quando a banda se formou, em 2008, três dos seus quatro integrantes trabalhavam na mítica Amoeba, espécie de supermercado de discos capaz de fazer qualquer fã de música chorar. Dá para imaginar o trio de nerds musicais garimpando discos raros que depois se transformariam em referências para o grupo. O primeiro álbum deles, o homônimo Allah-Las, saiu em 2012 e impressionou gente como Bobby Gillespie, do Primal Scream, e os críticos da influente revista de música Mojo. É no segundo disco, entretanto, que o jogo de encontrar as influências ficou mais divertido. Em Worship the Sun (2014), o Allah-Las soa ainda muito sessentista, mas dá mais espaço para influências oitentistas como The Jesus and Mary Chain e The Stone Roses, o que leva o álbum para um território mais atemporal. A marca registrada da banda, nos dois discos, é aquela melancolia de um final da tarde na praia que, antes de ficar sonolenta, é animada por uma guitarra distorcida.
- Os nossos discos são relaxados porque é o tipo de música que gostamos de escutar, mas o set ao vivo vai ser mais energético. É sempre mais divertido quando tem muita energia na sala - diz Michaud.
Entrarão no repertório Catamaran, Sandy, Long Journey e Tell Me (What's on Your Mind), do primeiro álbum, e Had it All e Follow You Down, do segundo, entre outras. A banda também deve tocar um cover, Calm me Down, da banda The Human Expression, e inéditas que podem entrar no próximo disco, previsto para o segundo semestre de 2016. Se o novo trabalho seguir a linha do segundo, será bem mais diverso. Essa é, pelo menos, a intenção da banda.
- Quanto mais músicas fazemos, mais influências incorporamos. Se não fosse assim, seria muito tedioso - diz Michaud.
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Allah-Las
Show da banda norte-americana, com abertura de Baby Budas (de Porto Alegre).
Sábado (16/5), às 21h (casa abre às 20h).
Beco 203 (João Alfredo, 483), fone 3026-2126.
Ingressos: R$ 40 (lote promocional), à venda na bilheteria do local e no site sympla.com.br. Classificação: 18 anos.
Escute o som dos Allah-Las: