Ele já foi roqueiro e o queridinho das vovós. Já cantou para caminhoneiros e empregadas. Foi do samba ao sertanejo, passando pelo bolero e pela MPB. Fez duetos com praticamente todos os grandes cantores do Brasil nas últimas cinco décadas - incluindo na lista nomes tão diferentes quanto MC Leozinho, Tim Maia e Maria Bethânia. Por isso, poucas tarefas são tão difíceis quanto resumir a carreira de Roberto Carlos.
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O rei vem a Porto Alegre no próximo sábado, dia 11 de abril, para o primeiro grande show do novo Beira-Rio. Os ingressos já estão à venda e podem chegar a R$ 480. Para ajudar os fãs a entrarem no clima da apresentação, ZH lista 10 músicas que sintetizam a carreira de Roberto Carlos. Confira:
1. Fora do Tom, de 1959
A história é conhecida: na década de 1950, o Brasil viu nascer e morrer os Sputniks, banda que contava com dois grandes talentos da música brasileira, Tim Maia e Roberto Carlos, desconhecidos até então. Uma semana depois de o grupo aparecer no programa de Carlos Imperial, Roberto foi dar uma palavrinha com o apresentador particularmente, para combinar uma exibição solo. A relação entre Roberto e Imperial se estreitou - óbvio, também por interesse das duas partes - e, já no final da década, o futuro Rei lançou uma série de discos com músicas compostas ou produzidas por Imperial, que era uma espécie de guru musical da época. Um deles foi João e Maria / Fora do Tom, de 1959, que tinha esse sambinha inocente na voz jovem de Roberto Carlos.
2. Splish Splash, de 1963
A Jovem Guarda ainda não existia, mas Roberto Carlos via no rock americano um estilo de sucesso que podia ser exportado para o Brasil. Ao lado de Erasmo Carlos, começou a compor músicas no estilo e a fazer adaptações de sucessos internacionais. Splish Splash foi lançada em 1963 e marcou essa guinada de Roberto em direção à música jovem - antes, o cantor era mais um dos intérpretes de bossa nova e samba dos anos 1950 no Brasil.
3. Lobo Mau, de 1965
Ainda em 1965, na onda do sucesso do programa de TV, Roberto Carlos lança o disco Jovem Guarda. Considerado um dos grandes clássicos dos anos 1960, o LP tem sucessos como Quero que Vá Tudo pro Inferno, Não é Papo pra Mim e Lobo Mau. Artistas como o tecladista Lafayette e a banda Renato e seus Blue Caps participam de algumas músicas do disco. Nessa época, Roberto Carlos se acostuma a lançar pelo menos um disco por ano, senão mais - a influência dos Beatles é clara (compare, por exemplo, a capa desse disco de 1966 e a de With the Beatles, lançado três anos antes).
4. Quando, de 1967
Antes dos Beatles, Roberto Carlos fez o seu próprio rooftop concert. Em 1967, inspirado no fab four e no ídolo Elvis Presley, o brasileiro começou a lançar seus filmes. O primeiro foi Roberto Carlos em Ritmo de Aventura. que acabou saindo em 1968. É claro que os longas também traziam consigo discos de muito sucesso com a trilha sonora. Neste, músicas como Eu Sou Terrível, Como é Grande o meu Amor por Você e Quando estouraram. Em 1970 e 1971, o Rei ainda lançaria mais três filmes: Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa, Som Alucinante e Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora. Na época, Roberto Carlos começou a fazer apresentações internacionais e era muito criticado por não se importar com política - vale lembrar que o Brasil passava pela fase mais intensa da ditadura militar, após a emissão do AI-5.
5. Canzione per Te, de 1968
No final da década de 1960, a Itália conheceu o Rei. Com Canzione per Te, o jovem brasileiro venceu o Festival de Sanremo, um dos principais festivais musicais do mundo, e ficou conhecido como O Rei de Sanremo. Na interpretação, Roberto mostra duas características que ganhariam força nos próximos anos: a capacidade vocal e as interpretações em outras línguas.
6. As Curvas da Estrada de Santos, de 1969
Já no final da década, Roberto Carlos resolve mudar: passa a investir mais na voz, deixa o rock um pouco de lado e grava discos com uma levada soul romântica. É dessa época que saem pérolas como Não Vou Ficar, Se Você Pensa e As Curvas da Estrada de Santos.
7. Detalhes, de 1971
Eis que, no raiar da nova década, o Rei lança seu maior sucesso. Já estabelecido como cantor romântico de muito sucesso, Roberto Carlos lança mais um disco homônimo em 1971, com muitos sucessos: Como Dois e Dois, Todos Estão Surdos (que acabou virando música de trabalho 30 anos depois, no Acústico MTV do cantor) e a maior de todas: Detalhes, que conta a história de um casal pós-término. Foi o primeiro disco de Roberto a superar a marca de 1 milhão de cópias vendidas.
8. Lady Laura, de 1978
Agora, Roberto Carlos já está acostumado a vender 1 milhão de discos. Puxado pelo sucesso de Lady Laura, homenagem à mãe do cantor, o disco homônimo de 1978 ultrapassa a marca de 1,5 milhão de vendas.
9. Puedes Llegar, de 1996
A música não é a mais conhecida de Roberto Carlos (nem ao menos é ele o cantor principal), mas representa uma época de sucesso estrondoso para o cantor: Puedes Llegar é a versão latina do tema oficial das Olimpíadas de Atlanta. O fato de Gloria Estefan ter chamado o cantor brasileiro mostra a sua importância na música latino-americana. Nos anos seguintes, Roberto Carlos cantaria para o Papa e se apresentaria ao lado do tenor Luciano Pavarotti. O cantor se acostumou a gravar versões em espanhol para seus discos de maior sucesso, emplacando uma carreira extensa em países da América Latina e nos Estados Unidos.
10. Esse Cara sou Eu, de 2012
Chegando a década atual, Roberto Carlos atinge uma relevância que há muito tempo não via. Emplaca Esse Cara sou Eu como trilha da novela Salve Jorge e volta a lançar músicas inéditas - o EP de mesmo nome tem outras três. É também a volta de Roberto Carlos compositor ao lado de Erasmo.