Marcelo Carneiro da Cunha: diversão é garantida com esquisitices da série "The Americans"

A Seleções era um dos pequenos monumentos à Guerra Fria. Os russos eram a fonte de praticamente todo o mal, e ainda sobravam umas páginas para Cuba. Os Estados Unidos ajudavam o mundo inteiro, e este mundo tão injusto nem demonstrava gratidão.

Ainda nos tempos da Guerra Fria havia Os Invasores, lembram? Seres espaciais muito malévolos que se disfarçavam de americanos comuns pra solapar o sistema de dentro? Pois a série The Americans, agora na terceira temporada, é igualzinha, só que diferente.



Um casal de bons americanos é, na verdade, uma dupla de agentes russos disposta a tudo - MESMO - para promover o caminho do socialismo soviético. Eles não têm limites, eles são mecânicos, cruéis, capazes de matar sem pensar duas vezes, de cumprir o que quer que Moscou determine.

Eles são um perigo e tanto, mas The Americans pode ser assistida numa boa, no aconchego do lar porque, ora vejam, o Império Russo perdeu a Guerra Fria e se foi. Ufa. Nosso casal de espiões são perdedores que ainda não sabem que perderam. Eles seguem espionando e usando muitas perucas. Eles usam disfarces que não enganariam a minha avó Jovita, mas enganam o FBI, a CIA e os escoteiros.

Leia mais colunas do Marcelo Carneiro da Cunha

Eles são uma família ao mesmo tempo bastante normal e completamente assustadora, e assim a série encanta, ou nos segura, ao menos. Nesta temporada, algo maior está em jogo. Uma família tem filhos, e estes filhos costumam ficar de fora dos negócios da família, ainda mais de negócios dessa natureza. Até que ponto isso é possível, uma vez que as séries são feitas em temporadas anuais e os filhos crescem? A filha do casal russo, espião e ateu resolve descobrir a religião, para desconforto e inconformidade dos pais.

Na terceira temporada de "House Of Cards", Frank luta para seguir no poder
Três dicas de séries para assistir enquanto "Game of Thrones" não retorna
Confira dicas de três séries zumbis
Séries originais do Netflix que prometem

Esse é o caminho dos filhos, que sempre acham um jeito de ir contra, mesmo que apenas para não ser igual. The Americans tem charme e personalidade. Os anos 1980 já parecem remotos, e a gente consegue se divertir com as esquisitices pré-iphônicas que eles mostram.

The Americans também tem garras, e nesta temporada elas apertam mais a nossa pele, a nossa carne. A Guerra Fria acabou, mas o mundo não mudou tanto assim. Veja e lembre.