Menos de uma semana depois da morte de José Rico, a música sertaneja sofreu outro baque: Inezita Barroso. Primeira dama da viola caipira, a cantora e apresentadora morreu no domingo, em São Paulo. Tinha 90 anos.
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De família quatrocentona, sediada em São Paulo e proprietária de fazendas pelo interior, Ignez Magdalena Aranha de Lima descobriu cedo a vocação para a música. Mas, diferentemente de suas colegas, que almejavam ser divas do rádio, Inezita se apaixonou pela viola caipira e pela cultura do Brasil profundo. Essa paixão foi registrada em mais de 80 discos e cerca de 900 canções, de modas de viola de Minas a músicas nativistas do Rio Grande do Sul.
A carreira em disco começou na década de 1950, quando, já consolidada como cantora de músicas folclóricas, lançou os primeiros LPs. Neles, estão Marvada Pinga, Ronda e Lampião de Gás, três de suas interpretações mais emblemáticas, que cantaria até o final da vida. Na mesma época, lançou-se como atriz, trabalhando em filmes como É Proibido Beijar, Destino em Apuros e O Craque.
Formada em Biblioteconomia pela Universidade de São Paulo, pesquisou as raízes da cultura brasileira viajando por quase todo o interior do país, sendo considerada uma das poucas guardiãs dessa história. Seu conhecimento no assunto tornou-a uma figura respeitada não apenas no meio da música: em 2005, recebeu o título de Doutora Honoris Causa em Folclore pela Universidade de Lisboa e foi eleita para a Academia Paulista de Letras, em 2014.
Desde 1980, comandava o programa Viola, Minha Viola, na TV Cultura, um dos últimos bastiões da legítima música caipira brasileira. Inezita deixa uma filha, Marta Barroso, três netas, cinco bisnetos e uma legião de admiradores em todos os rincões do país.
Orgulho caipira
Adeus à primeira dama da viola
Inezita Barroso, uma das guardiãs da cultura interiorana brasileira, morreu aos 90 anos em São Paulo
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