A Guerra Fria tinha o seu charme, caros leitores. Perucas, por exemplo, e de todos os tipos. Espiões se disfarçavam como dava, em tempos muito mais analógicos do que os nossos.
E daí vem boa parte do sabor de The Americans, a série de espionagem que nos leva direto aos anos 80, quando americanos e russos disparavam petardos verbais e de chumbo, de um e outro lado do Muro.
The Americans volta para a segunda temporada no momento em que os russos já perceberam a fria em que se meteram no Afeganistão, um dos fatores que liquidaram com a União Soviética por esgotamento econômico e nervoso.
Esta volta a um passado tão recente quando intenso é responsável por boa parte do que nos mantém grudados à tela quando The Americans está passando. A outra parte é o alto teor de boa e velha espionagem em tempos sem celulares, mas com muitos bigodes falsos e perucas vintage.
Ao acertar o tom, entre o recente e o distante, entre a eterna briga pela informação e os métodos para obtê-la, The Americans se torna uma das melhores coisas já feitas com o tema da espionagem real - sem precisar lidar com o fim da Guerra Fria, pelo simples artifício de nunca sair dela.