Hoje, meu texto não é estritamente sobre o tema regional, mas sobre o consumo da música e, por isso, este universo está inserido. São dúvidas, inquietações e questionamentos de uma cantora que anda na estrada, ao lado de amigos e colegas músicos. Nem sempre fazemos show no melhor lugar, com a melhor estrutura. Nem sempre contamos com casa cheia, algumas vezes contamos com poucos mas atentos ouvintes. O que vale mais?
Estar no palco é, muitas vezes, ver este filme passar na cabeça. Hoje, as tarefas foram multiplicadas. Não basta cantar, tocar, compor, criar. Temos que entender de produção, muitas vezes ser empresário, relações-públicas, assessor de imprensa, lobista e por aí vai.
Nos últimos dias, Porto Alegre esteve repleta de boas atrações musicais. De Paco de Lucía, passando por Yamandu Costa, Soledad Villamil, Marcelo Delacroix e Dani López. Até o final do ano, a agenda está cheia de boas pedidas. E foi contemplando tantas opções que me veio a pergunta: o que te faz sair de casa para ir assistir a um espetáculo?
Não são raras as vezes em que as casas de shows não estão lotadas. Ao contrário disso, outros shows reúnem multidões por aí... O que aconteceu com o tempo e a paciência das pessoas em sentar e ouvir? Escutar música virou nada mais do que um complemento de outra atividade cotidiana: caminhar, correr, andar de carro, olhar o Facebook... Por isso, proponho algumas perguntas, para que, assim como eu, te questiones sobre o que realmente te interessa, te emociona, te tira da zona de conforto!
Os novos ídolos são produtos do mercado das celebridades? Acabaram os mitos? A tecnologia que tanto nos aproxima das pessoas e facilita o acesso à informação é também o que joga todos no lugar comum? Para gravar, antigamente, era necessário tocar. Hoje, basta ter acesso a bons equipamentos? O grande público percebe a diferença?
Mudou o foco de interesse do público: a música perdeu peso e, hoje, o que importa é seguir, conhecer, curtir esse ou aquele "artista"? A arte perdeu importância e, hoje, vale mesmo é o entretenimento? Temos muita oferta de shows, discos, música? Mais fácil do que sair de casa e ver ao vivo é abrir a tela do computador e ver no conforto de sua casa?
Muitas questões. Ainda poucas respostas. Talvez nenhuma conclusão. Mas questionar-me já está sendo bom. Espero que tu também penses!