Setembro é mês do gaúcho! Mais do que comemorar o dia 20 a cada ano que passa, as festividades envolvendo a tradição gaúcha enchem de programação o mês todo. Já não temos apenas uma Semana Farroupilha... Por todo o Rio Grande, a gauchada, pilchada ou não, participa, de alguma maneira, das festividades ou pelo menos percebe o que está acontecendo.
Andando pelo Estado fazendo shows ou nas programações do Galpão Crioulo, meu setembro farroupilha foi intenso. Lembrei-me da infância de prenda no Alegrete, quando, entre minhas tarefas, estava visitar escolas, dançar nas agências bancárias, cantar na praça, guardar a chama. Até faltar aula tinha justificativa mediante tantas atribuições que a programação envolvia. Neste ano, foi meio assim - e ainda está sendo, já que amanhã gravamos o programa em Caxias do Sul. E, claro, além da festa, falar sobre o que nós, gaúchos, afinal, comemoramos é um assunto que vem à tona nesta época do ano.
No início do mês, visitei as reduções jesuíticas de São Miguel e assisti ao espetáculo Som e Luz. Já o havia visto ainda muito menina e confesso que não lembrava quase nada. Durante pouco mais de 40 minutos, reconta-se uma parte da história dos índios guaranis, dos padres jesuítas e da guerra que aconteceu por ali para expulsá-los. E o mais interessante: sem imagem, apenas num exercício de imaginação, da sensação de estar presente em um diálogo que se desenrola entre a terra e a redução e que "nos permite" entender o que ali passou.
Neste setembro, também, ouvi um bate-papo entre Rodi Borghetti e Nico Fagundes, falando para crianças sobre a tradição e o início do tradicionalismo. O Nico disse:
- Duas palavras significam muito para os gaúchos: pago e querência.
Os dois fatos me marcaram. Refletindo, entendi que estas comemorações em função de uma guerra "teoricamente" perdida (afinal, o que é perder?), mais do que exibir um bairrismo exacerbado, devem ser uma lição de herança. Somos fruto de uma linda e variada miscigenação. Somos uma gente que ama seu lugar. Setembro é o mês de entender e valorizar tudo o que nos forma como povo e perceber que nossa herança indígena deixou uma relação de telurismo que tanto apaixona quem nos visita. Que possamos nestas datas, mais do que festejar, entender e passar adiante a história desta terra que dizemos nossa!