Muito tem se falado sobre a música produzida no Rio Grande do Sul, em seus mais variados estilos e concepções. Há nas redes sociais espaços importantíssimos dedicados a esses debates, ora com foco na história, ora em que questões artísticas, mas sempre contribuindo para fazer ferver o caldeirão cultural que nos forma, nos diferencia, nos identifica.
Cá nesta página tenho procurado me ater às questões atinentes ao universo regional, principalmente à música, que, por convenção, chamamos nativista. Já arrolamos canções tornadas clássicas, já destacamos pioneiros (Barbosa Lessa), já prestamos homenagem (Telmo de Lima Freitas) e já ressaltamos os festivais nativistas como fundamentais fomentadores e divulgadores dessa imensa produção musical. Festivais, cujo movimento já conheceu dias gloriosos, e hoje passa, depois de alguma retração, talvez por um promissor momento de retomada, reabilitando aquele cenário vibrante das primeira décadas, e lá se vão mais de quatro.
Além de algumas permanências como a Coxilha Nativista de Cruz Alta (o único ininterrupto), o Musicanto de Santa Rosa, a Moenda de Santo Antônio da Patrulha, o Carijo de Palmeira das Missões, cada um com seu viés estético característico (pretendo ainda aprofundar essa questão), sempre contando com o envolvimento de suas comunidades, chega agora a bela notícia da retomada da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana: o festival retorna em dezembro próximo ao local de sua consagração original - o antigo Cine Pampa, hoje Teatro Rosalina Pandolfo Lisboa.
Quando trouxe aqui uma breve reflexão sobre o tema dos festivais, ponderei da necessidade de lapidação de uma nova pedra para, novamente, fazer-se brilhar a preciosidade deste nosso cancioneiro. Pois bem, parece estar vindo do berço histórico o rasgo de luz, o lampião que já clareia nossa mina. A Califórnia está de volta! Uma alegria para todos aqueles que acreditam e prestigiam a música feita no Rio Grande.
A propósito, já que estamos falando da fronteira, ocorre nos dias 7, 8 e 9 de agosto, em Uruguaiana, no mesmo antigo Cine Pampa, o espetáculo #VoltaCalifa, 40 anos bem cantados por Pirisca Grecco e convidados. Além da sua Comparsa Elétrica, lá estarei juntamente com Mauro Moraes, Os Angueras, Érlon Péricles, Ângelo Franco, Silvio Genro, Julinho Machado, Cecília Machado, Victor Hugo e Luiz Marenco. Mas o próprio Pirisca ressalta: não se trata de uma tentativa de retorno ao passado, mas, sim, um apontar para o futuro. Parece que se começa a polir a nova pedra. Alvíssaras!
Pampianas
Vinicius Brum: A nova pedra
'A Califórnia está de volta!'
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