Entre as estimadas 1,5 milhão de pessoas que devem estar na praia de Copacabana neste sábado (4) para ver o maior show de Madonna em território brasileiro — e de sua carreira — estão fãs gaúchos, que partem de diferentes pontos do Estado. Em comum, todos partilham o entusiasmo por escrever mais um capítulo de suas histórias particulares com a cantora, desta vez na maior pista de dança do mundo.
A apresentação começará às 21h45min e será transmitido pela TV Globo, pelo Multishow e pelo Globoplay, que terá sinal aberto para não assinantes logados.
Não será a primeira vez que André dos Santos, 52 anos, verá Madonna. Morador de Canoas, o ator e professor de inglês estima ter assistido a cinco turnês desde 1993, quando a viu pela primeira vez em São Paulo. A última vez foi em janeiro, em Nova York, onde conferiu a apresentação da Celebration Tour.
A empolgação de André para a apresentação no Rio era tanta que ele relata ter fechado o pacote da viagem antes mesmo de sair a confirmação oficial do show. Para o fã, será um marco histórico no mundo do pop.
— Será o maior público da carreira dela! Estou muito contente por poder fazer parte dessa celebração. Uma noite para ficar na história e na memória de quem admira Madonna — diz o fã.
A paixão de André pela cantora pode ser observada vastamente em sua pele: ele estima ter pelo menos 16 tatuagens sobre Madonna espalhadas pelo corpo — braços, costas, mão e pescoço —, com frases, rosto, corpo inteiro, símbolos, entre outras referências à diva. André acompanha a Rainha do Pop desde os anos 1980, quando lembra de ficar colado no rádio esperando tocar uma música da cantora para gravar nas suas fitas cassete.
— Passei a admirar Madonna pelo jeito dela, uma pessoa polêmica que não desiste de nada, que batalhou muito e venceu na vida. Ela inspirou muitas pessoas a se libertar e ser como são. Não ter vergonha de quem se tornaram — explica.
Madonna na despedida
Outro fã que já viu Madonna ao vivo é Luiz Fernando Gossler, 58 anos, morador de Chapada, no norte do Estado. Foi em São Paulo, em 1993, e em Porto Alegre, em 2012. Nos últimos dois meses, colocou dois stents e um balão no coração, por conta de doenças arteriais. Houve quem o desaconselhasse a viajar, mas Gossler faz questão de estar em Copacabana neste sábado:
— Se eu não for, vou ficar louco da vida e morrer em Chapada. Quero ir, vou, e ninguém me segura!
Gossler já sentenciou para a família que, quando for a hora de se despedirem dele, em seu funeral, devem tocar Rain, do álbum Erotica (1992). Para o empresário, a canção traz algo capaz de elevar qualquer um, trazer paz interior.
Gossler afirma que, no show, Madonna o fará relembrar todos os bons momentos que ela propiciou. A cantora, diz ele, o fará voltar aos anos 1980, desde quando a ouviu pela primeira vez. Era uma tarde de sábado, em 1984, quando a televisão exibiu o clipe de Material Girl.
— Estava lavando a louça na hora. Quando vi aquilo, imediatamente larguei a panela de ferro e fiquei de boca aberta na frente da TV — recorda. —Decidi: "Vou atrás dessa cantora! Ah, se vou!". Desde então, não desgrudo dela.
A emoção de ver a artista pela primeira vez
Há quem verá Madonna pela primeira vez. É o caso das irmãs Vera e Viviane Medeiros, 50 e 47 anos, respectivamente. As duas moram próximas uma da outra no bairro Bom Jesus, zona leste de Porto Alegre.
O mais próximo que Vera esteve da cantora foi em 2012, quando ela se apresentou no Estádio Olímpico. Ela lembra que não conseguiu ingresso, então o jeito foi improvisar:
— Fiquei do lado de fora. Só a emoção de saber que ela estava ali pertinho já foi tudo para mim — descreve a fã.
Com a viagem parcelada com muito suor, a ida ao show é um presente de 50 anos para Vera. Além de ver Madonna, as duas visitarão o Rio pela primeira vez. Para Viviane, ver a diva do pop também remeterá a um tempo que não volta mais.
— Sempre amei a Madonna. Ela fazia muito sucesso quando aprendi a gostar de música, a gente tentava fazer as performances dela. Afinal, naquele tempo, quem não tentava imitar Madonna? – diverte-se Viviane.
Vera complementa:
— Like a Virgin é o hino da nossa juventude. A gente cantava e nem sabia o que estava falando (risos). Dançávamos no pátio, pegando as perucas das tias para imitá-la. Teve o primeiro coturno que a gente ganhou, que lembrava o figurino dela.
Contudo, as lições de Madonna para as duas vão além da música e do visual. Viviane aponta que sempre se encantou pela irreverência e autenticidade da cantora, sem nunca ter medo de se expor. Para Vera, também há uma mensagem de autoaceitação presente nas músicas e atitudes de Madonna.
— Ela abriu um leque para a gente pensar e chegar aonde chegou hoje. Todo mundo é igual, o importante é a gente amar. A pessoa pode ser o que quiser, não precisa depender de ninguém, nós decidimos o que queremos para a vida — sublinha Vera.
A expectativa das irmãs para o show no Rio é alta. Vera tem a sensação de que está se preparando para o seu casamento, tamanha a euforia.
— Sei que não vou conseguir ver ela de pertinho, mas o simples fato de ver que ela está pulando no palco, a 500 metros que seja, já vou me sentir realizada. Um ambiente que vai ter pessoas da minha geração, que falam a mesma língua — vislumbra.