Na noite desta quinta-feira (20), pelo menos dois bares de Porto Alegre voltaram a abrir os palcos para os artistas: o Fuga (Rua Álvaro Chaves, 91) e o Divina Comédia (Rua da República, 649). Com a publicação de decreto com regras próprias para atividades , os estabelecimentos aumentaram a capacidade de público, estenderam horários de funcionamento e, também, retomaram as apresentações musicais.
Os profissionais do setor comemoraram o retorno depois de meses de idas e vindas. É o caso de Thiago Kunz Tabajara, o Taba Kunz, que comanda o Palco Aberto do Fuga, onde os clientes também podem se apresentar. Ele acredita que a retomada chegou na hora certa, mas reforça que o bom senso é essencial.
— O lugar do artista é no palco, não somos felizes fora dele. A troca com o público é vital. Mas, para que dê certo, é necessário o equilíbrio, mantendo um ambiente sadio, com divertimento, mas priorizando os cuidados com a saúde — enfatiza Kunz.
O músico, que tem a arte como uma importante fonte de renda, precisou achar outras fontes de renda durante as restrições de controle da pandemia: produziu jingles, foi motorista de aplicativo chegou até a investir no mercado financeiro.
Para Cláudio Lima Nery, um dos sócios do Fuga, o retorno é “muito interessante”, uma vez que os clientes pediam a volta da música ao vivo, um dos atrativos do bar. O espaço, que tem uma área aberta, álcool em gel em todas as mesas e fiscalização para que os clientes não circulem sem máscara, está recebendo, por enquanto, 50% de sua capacidade, em busca de maior distanciamento.
— O objetivo é que todas as pessoas que venham ao bar se sintam seguras. Tem que ser um movimento feito aos poucos, sem afobação, tentando passar a confiança para aqueles que estão saindo do isolamento. — explica Nery.
A executiva de contas Daniela Mess, cliente do estabelecimento, concorda com o sócio do espaço. Para ela, o Fuga passa uma sensação de segurança e ela, que evita bares que não seguem os protocolos, ficou satisfeita com a área aberta e com álcool em gel em todas as mesas, além de aprovar o controle de circulação sem máscara pelo local. Sobre a música ao vivo, ela conta que foi uma grata surpresa.
— Eu não estava esperando e me surpreendi positivamente. Estou gostando muito. A música ao vivo agrega, dá uma animada boa. E, para os artistas, é muito importante, né? Olha quanto tempo eles estavam impossibilitados de mostrar o seu trabalho — afirma Daniela.
Esta retomada, para o sócio do Fuga, também é uma tentativa de tapar o rombo deixado nos últimos 14 meses. De acordo com ele, o bar teve uma queda de faturamento que chegou aos 70%. Aberto de quinta a sábado, o local recebe os clientes das 18h à meia-noite. E, também, espera trazer para o seu palco os músicos que querem voltar às suas atividades.
Na Cidade Baixa, o Divina Comédia reabriu o palco para apresentações. Léo Jamess — “os dois S’s são por causa do Kiss”— foi quem reabriu o espaço. Com a música como uma fonte secundária de renda, o executivo comercial de uma empresa de tecnologia estava ansioso para poder ter contato com o público — além de voltar a faturar um "extra".
— Nada substitui a experiência ao vivo. Retornar aos palcos é voltar a viver. E temos que voltar a movimentar a cultura. Os músicos precisam tocar e as pessoas querem ter o entretenimento de volta — garante Jamess, que toca há mais de 20 anos.
O proprietário do Divina Comédia, Marcelo Cabral Corrêa, explica que o último show que a casa abrigou havia sido em 6 de fevereiro. Sem a possibilidade de realizar apresentações musicais, o bar esteve fechado até a noite de hoje.
— Aqui, é um lugar que funciona para abrigar eventos, shows. É um espaço para o rock. Então, só estamos reabrindo hoje. Estávamos ansiosos por isso e, mesmo com as limitações, podendo trabalhar, está ótimo — reforça Corrêa.
Segundo ele, a casa vai operar com 25% da sua capacidade, recebendo 80 pessoas, no máximo, de quinta a sábado, das 21 às 2h. E, assim, quer começar a recuperar o prejuízo que os meses fechado trouxeram. Mas, além disso, pretende estender a mão para os artistas que estão enfrentando dificuldades, cedendo o palco para apresentações, primeiramente dos músicos já conhecidos pela casa, mas, no futuro, também para novos talentos.