Porto Alegre se tornará, na noite desta sexta-feira (8), mais uma Capital a testemunhar um encontro de gerações da música brasileira. Milton Nascimento, aos 75 anos e mais de 50 anos de uma das carreiras mais iluminadas da arte nacional, divide o palco com Tiago Iorc, 32 anos, que desde a sua estreia em disco, em 2008, vem sendo apontado como uma das mais sólidas revelações do cenário pop nativo.
A dupla vem apresentar, às 21h, no auditório Araújo Vianna, show da turnê Mais Bonito Não Há, parceria anunciada oficialmente em outubro com o lançamento do single conjunto de mesmo nome. O espetáculo é estruturado de forma minimalista: somente Milton e Tiago com seus violões interpretando destaques do repertório de ambos. Por e-mail, ambos concederam a seguinte entrevista a ZH:
Milton
O que chamou sua atenção no trabalho de Tiago Iorc?
A musicalidade dele é uma coisa natural. Ele faz as músicas, canta e toca perfeitamente bem. É um talento indiscutível. E a simplicidade que ele tem no dia a dia também me chamou atenção. Fiquei fã do Tiago na primeira vez que tive contato com o trabalho dele na TV. Ele é mesmo especial, tanto como artista quanto como amigo.
Como você se aproximou de Tiago Iorc e surgiu a ideia de realizar esta parceria?
Depois de ver os trabalhos do Tiago pela TV, pedi ao meu filho, Augusto, que comprasse um disco dele. Ao invés disso, ele pegou o telefone e ligou pro Marcus Preto (jornalista), que dias depois apareceu aqui na minha casa, em Juiz de Fora, com o próprio Tiago. Depois disso, ficamos muito próximos, e a nossa aproximação na música veio da forma mais tranquila possível.
O que abrange o repertório da apresentação de vocês dois?
Vamos cantar músicas de ambos. Este show tem somente Tiago e eu no palco, num formato vozes e violões. E vamos cantar juntos Travessia, Bola de Meia Bola de Gude, Nos Bailes da Vida, Caçador de Mim e, ao mesmo tempo, os sucessos do Tiago, como Alexandria, Amei te Ver e Coisa Linda. Vai ser um encontro entre amigos, e a gente espera que as pessoas se sintam emocionadas.
Com 75 anos completados e 50 anos de uma carreira exitosa, o que você gostaria de conquistar ainda?
Penso em duas coisas bastante simples, quero seguir cantando e fazendo amigos. A amizade, os lugares e, sobretudo, a música são dois sentimentos principais que me fazem acreditar ainda mais no futuro.
Tiago:
Como um artista como Milton Nascimento o influencia?
O Bituca (apelido de Milton) tem um idioma musical esplendoroso. Autenticidade é algo muito raro, e Milton é uma dessas raridades. Ninguém faz música como ele. Das melodias às harmonias, nada é trivial. Isso, por si só, já é muito inspirador.
Milton é 44 anos mais velho que você. Como funcionou a dinâmica no estúdio e no palco?
Não consigo distinguir essa diferença. Quando estamos fazendo música, vejo duas almas de criança se divertindo, mergulhadas no maravilhamento que a música permite. É muito libertador ser feliz fazendo algo, e mais libertador ainda é presenciar a alegria do outro. O show com ele tem sido um êxtase muito grande para mim.
Este ano você tocou no Planeta Atlântida, foi premiado duas vezes no Grammy Latino, e encerra o ano em turnê com Milton Nascimento. Para você, 2017 foi mais um ano de consolidação?
Sem dúvida. A premiação no Grammy Latino marcou o encerramento do ciclo do disco Troco Likes. Foi um jeito bonito de finalizar essa etapa da carreira. Agora, nesse projeto com Milton, estou me redescobrindo novamente. Um novo ciclo se inicia.
O que você projeta para 2018? Algum disco novo?
Nada planejado ainda… Por enquanto, estou só curtindo esse momento com o Bituca.
Milton Nascimento e Tiago Iorc
Apresentação do show conjunto dos artistas na turnê Mais Bonito Não Há
Sexta, às 21h.
Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685).
Classificação: livre
Ingressos: De R$ 100 a R$ 200
Informações e pontos de venda no siteauditorioaraujovianna.com.br.