Quando os portões do Estádio Beira-Rio se abrirem para o público nesta sexta-feira (13) para o show de Paul McCartney, Sinara Soratto e seu namorado Cleber Fernandes deverão ser os primeiros a chegar na grade, na pista premium Elo. Para isso, o casal está acampado na frente do estádio desde a última terça-feira (10), meio-dia. Eles lideram uma fila que tem pouco mais de uma dezena de barracas.
Moradora de Siderópolis (SC), enquanto seu namorado é do município vizinho Cocal do Sul, Sinara verá o eterno beatle pela primeira vez.
– Estamos curtindo muito. Em uma expectativa que não dá para descrever. Eu sempre quis isso. É difícil descrever o que sinto agora, é a melhor fase da minha vida – conta a estudante de matemática – licenciatura, 22 anos.
Nem a chuva ou possíveis preocupações com a segurança a afastaram dali. A fã ressalta que o acampamento tem sido tranquilo.
– A única coisa que vem em mente é ficar o mais próximo possível dele. A minha mãe ficou louca com a ideia. Ela não queria que eu viesse, tanto é que das outras vezes, como São Paulo (ele se apresentou na capital paulista em 2014), não fui por causa dela. Não queria deixá-la preocupada e doente em casa. Desta vez, estou com meu namorado, minha mãe ficou mais tranquila, e fez um monte de comidinha para eu trazer – relata a fã.
Para Sinara, acampar na fila já lhe garantiu um momento inesquecível:
- Ontem (quarta-feira), vi o Paul indo para o restaurante no Centro de Eventos, ao lado do Gigantinho. Eu fui a primeira a gritar para ele: "Hey, Paul", e ele virou para mim. Foi o dia mais feliz da minha vida.
Sinara admira a capacidade de Paul se renovar, o que acaba a inspirando musicalmente – ela toca baixo.
- A carreira dele solo é incrível. Ele é um ser humano que dá para se inspirar, uma pessoa linda... – emociona-se a fã, embargando a voz.
Trilogia
É a terceira vez que Demetrios Ferreira da Cunha, 30 anos, acampa para ver Paul McCartney. Desde quarta-feira (11), às 7h, o músico de Sapiranga repete a função que fez para o show de Porto Alegre, em 2010, e em Florianópolis, em 2012.
- Vale a pena para estar perto do cara. É um esforço para estar na grade para poder ficar em cima dele, o mais próximo possível – garante o fã, que tem o beatle tatuado em sua perna.
De acordo com Demetrios, o acampamento tem sido tranquilo:
– O público dos Beatles é muito de boa, todos aqui se ajudam. Um cuida das coisas do outro.
Para Demetrios, Paul é a inspiração para ele ter se tornado músico.
- Ele é um multi-instrumentista. É um cara que toca baixo, guitarra, piano, que compõe, é um gênio. Esse fato me levou a querer tocar contrabaixo, piano, enfim, me levou a querer ser o músico que sou hoje – afirma.
Só se tem 23 anos uma vez
Lidiane Borges visitou a fila na manhã desta quinta-feira (12), para observar a movimentação. Moradora de Novo Hamburgo, decidiu ficar até sexta. Para isso arranjou um barraca emprestada com uma amiga. É a primeira vez que verá uma apresentação de Paul McCartney.
– Como sou baixinha, a ideia é ficar na frente para ver bem o show. Quando comprei o ingresso, pensei: se tiver que acampar, vou acampar – conta a instrutora de ioga.
Ela é fã de Paul desde a infância, quando se apaixonou pelos Beatles por meio dos discos de uma tia. O baixista do quarteto de Liverpool foi a sua inspiração para aprender a tocar baixo e se tornar vegetariana e, depois, vegana.
– Ele (Paul) não precisaria viajar por aí e fazer shows. Tem 75 anos, mas segue se doando, sem parar no tempo. É atemporal. Acredito que segue inspirando muita gente – avalia.
Para Lidiane, enfrentar a chuva e acampar na frente do Beira-Rio não significam nenhum problema para ver o ídolo de perto:
– É o Paul! Não importa! Se eu não fizer isso com 23 anos, vou fazer quando?