A ARCO Chamber Orchestra, que retorna a Porto Alegre em uma turnê que passou por outras cidades do Estado, tem uma trajetória singular: criada em 1989 no Conservatório Tchaikovsky de Moscou, transferiu-se para os Estados Unidos depois que seu diretor musical, Levon Ambartsumian, assumiu um cargo de professor de violino na Universidade da Georgia, em 1995. Foi então que o conjunto se tornou multicultural. Hoje, conta com 19 músicos (além do maestro) de diferentes nacionalidades, ente eles sete brasileiros.
O programa do concerto desta quarta (31/5), no Theatro São Pedro, terá obras de compositores de diferentes períodos. Com orquestração de Ottorino Respighi, a Sonata para Violino em Mi Menor BWV 1023, de J.S. Bach, será solada pelo próprio Ambartsumian. A Sinfonia Concertante para Violino e Viola em Mi Bemol Maior, K.364, de Mozart, chega em versão transcrita pela compositora russa Anna Navetnaya especialmente para a orquestra. Os solistas serão Shakhida Azimkhodjaeva e Rogério Nunes, gaúcho de Santa Maria que morou em Porto Alegre durante a maior parte de sua formação.
Como não poderia deixar de ser, tendo em vista a origem do conjunto, a apresentação contará com uma obra de autor russo, por sinal um dos maiores: a Serenata para Cordas em Dó Maior, Op. 48, de Tchaikovsky. Violista da orquestra, Nunes explica:
– Diferentemente das outras sonatas compostas originalmente para violino e baixo-contínuo, que têm quatro movimentos, esta de Bach foi escrita em apenas três. Outra particularidade é que o compositor utilizou danças barrocas no segundo e terceiro movimentos. Já Mozart explora de maneira contínua o diálogo entre os dois instrumentos solistas, que são tratados de maneira igual durante toda a obra. Especula-se que possa ter escrito a Sinfonia Concertante para tocar com seu pai. A Serenata para Cordas, de Tchaikovsky, era considerada pelo próprio compositor uma de suas melhores obras. Ele disse em uma carta: "Escrevi a Serenata de uma compulsão interior, é uma obra do coração". O terceiro movimento, Valsa, tornou-se o mais conhecido, sendo executado frequentemente como peça única.
Nunes acredita que a formação russa do diretor musical Levon Ambartsumian e sua paixão pela música daquele país contribuem para uma interpretação "mais fiel e próxima da intenção" de Tchaikovsky. Mas há princípios que servem para todas as peças executadas.
– A ARCO busca não só a parte técnica, mas uma interpretação que seja emocionante tanto para quem ouve quanto para quem toca. O maestro nos incentiva a tocar como músicos de câmara, insistindo na importância de ouvirmos uns aos outros e de conhecermos a obra como um todo – afirma Nunes.
Para o violista, a diversidade de origens dos músicos contribui para um conhecimento sobre diferentes culturas nos bastidores, mas o desafio no palco é encontrar uma unidade no som.
ARCO CHAMBER ORCHESTRA
Nesta quarta (31/5), às 21h.
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), fone (51) 3227-5100, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 20 (galerias), R$ 40 (camarote lateral), R$ 50 (camarote central) e R$ 60 (plateia e cadeira extra).
À venda na bilheteria do teatro hoje, das 13h até o início do concerto.