"Porto Alegre é o pôr do sol, natureza, Deus bondoso que retrata no Guaíba, rio gaúcho majestoso". O trecho da canção de Teixeirinha, que leva o nome da capital gaúcha, define a festa antecipada que aconteceu na segunda-feira, durante a gravação do Galpão Crioulo (RBS TV, 7h), no Cisne Branco.
A homenagem aos 245 anos de Porto Alegre vai ao ar no programa deste domingo, bem no dia do aniversário da cidade. Uma celebração carregada de emoção – tanto pela relação dos convidados com a Capital quanto pelas paisagens registradas pelas câmeras, durante cerca de duas horas de passeio pelas águas do Guaíba.
O pôr do sol deslumbrante, um dos cartões-postais mais famosos da cidade aniversariante, foi o grand finale da festa em uma tarde especial que abriu os festejos. Neto Fagundes e Shana Müller comandaram a homenagem, que teve as participações de Nelson Coelho de Castro, Bebeto Alves, Antonio Villeroy, Gelson Oliveira, Cadica Grupo de Dança, Os Fagundes, Luis Arthur Seidel, Thomas Machado e Maria Alice Rosa da Silva.
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Amor em forma de música
Dividiram primeiro o palco Nelson Coelho de Castro, Bebeto Alves, Antonio Villeroy e Gelson Oliveira, que apresentaram canções do projeto Juntos. Povoado Das Águas, composta pelo quarteto em homenagem à Capital, e Pedra da Memória deram um tom leve à apresentação. Do quarteto, somente Gelson e Nelson nasceram em Porto Alegre.
Gelson morou por anos em Gramado e retornou à Capital no fim dos anos 1970. Bebeto é de Uruguaiana, e Antonio, de São Gabriel.
– É um privilégio passear em um cartão-postal – dizia Nelson.
Os de fora se sentem em casa
O uruguaianense Bebeto, entre uma música e outra, exaltou o verde da Capital:
– Os parques daqui me fascinam.
Antonio, que voltou a morar em Porto Alegre em 2013, depois de uma temporada no Rio de Janeiro, citou a vista aérea da aniversariante para contar uma história sobre a composição de Povoado Das Águas:
– Quando a gente chega em Porto Alegre de avião, vê muita água, é uma cidade cercada pelo rio. Lembro de que, na adolescência, antes de vir morar aqui, a gente passava por Porto Alegre para ir ao Litoral. E recordo que a gente via muita gente tomando banho de rio. É um desejo, sabe? Que, um dia, isto volte a acontecer. Gelson fez coro ao discurso de amor à cidade.
– Morei anos na Serra. É preciso viver o Interior para entender a Capital – afirmou, para emendar, em seguida:
– Morei em muitos bairros, brinquei na rua quando ainda era possível. Curti o Guaíba e os bondes.
Coração de mãe: sempre cabe mais um
Uma curiosa coincidência une os dois apresentadores do Galpão, Shana Müller, 37 anos, e Neto Fagundes, 53. Ambos nasceram fora da Capital – Shana, em Montenegro, e Neto, no Alegrete. Mas eles vieram cedo para Capital e, hoje, tem filhos porto-alegrenses.
Shana, que curte os primeiros seis meses de Gonzalo, e Neto, pai de Marina e Matheus, cultivam a relação com a cidade que os adotou.
– Para nós, interioranos, Porto Alegre é, de certa forma, um grande Interior, que reúne gente de todos os lugares e, claro, aqueles que aqui nasceram. O que me chama a atenção em Porto Alegre é essa capacidade de, com o seu grande coração, receber a todos – afirma Shana.
Sonho realizado
Neto chegou em Porto Alegre em 1982, vindo do Alegrete.
– Eu já tinha vindo outras vezes para cá. E, cada vez que vinha, eu pensava: "Cara, eu quero morar nesse lugar. Eu não quero só visitar Porto Alegre, eu quero ser um pouco de Porto Alegre". Os tios Nico e Darcy (Fagundes, ambos já falecidos) já moravam aqui. Então, eu tinha quem visitar (risos) – conta.
Daí, para virar paixão definitiva, foi rápido. Em Porto Alegre, Neto conheceu a mãe de seus filhos, Cristina, e, ao elencar um lugar especial da capital gaúcha, não pensa duas vezes.
– Como morei na frente da Redenção, não tem como fugir dela. É muito especial – comenta.
Nos bastidores, selfies e gargalhadas
De apresentadora, Shana passou para o papel de cantora acompanhando Antonio e o violonista Augusto Brito na faixa Velas Para Todos os Santos. Uma das passagens engraçada da gravação, aliás, envolveu a estrela.
Para uma imagem aérea da gravação, a RBS TV disponibilizou um drone. Quanto Neto e os participantes se viraram para abanar em direção ao equipamento, em clima de celebração, Shana caiu na gargalhada por não saber onde estava o drone.
– "Genteee", todo mundo sabe onde ele está, menos a apresentadora (risos)! – falou, provocando um riso geral.
Entre uma apresentação e outra, a apresentadora, ativa nas redes sociais, aproveitava para tirar selfies.
Encontro de gerações
Um dos momentos mais esperados, tanto pelos protagonistas, quanto pelas canções, era a apresentação de Os Fagundes –Bagre, Ernesto, Neto e Paulinho – junto com três gaúchos do The Voice Kids Luis Arthur Seidel e Thomas Machado, que seguem na disputa, e Maria Alice Rosa da Silva, eliminada. Antes de cantar Origens e Canto Alegretense, não faltaram brincadeiras.
– Mas pediram para a Maria Alice, que é alta, ficar na frente do Ernesto, que é baixo. Tu "vai" tapar o rapaz! – divertia-se Bagre.
Logo que começaram a cantar, Luis Arthur mostrou personalidade, mesmo com tantos tauras ao seu lado, pedindo que a plateia levantasse e batesse palmas. Emocionado com o desempenho dos pequenos, Bagre lembrou do irmão:
– O Nico, sempre que observava jovens talentos cantando, dizia que era uma alegria indescritível ver a cultura gaúcha se propagando.
Para sempre Porto Alegre
Ernesto, que veio para Capital em 1985 e até recebeu título de Cidadão de Porto Alegre, lembrou de uma das mais belas canções de homenagem à cidade: Paixão à Primeira Vista, escrita ao lado do tio Nico:
– Uma dos trechos define muito bem o que sinto: "cidade onde eu não nasci, mas que pra sempre quero viver.
Encheram a bola
Natural de Santa Maria e morador de Guaíba, Luis Arthur Seidel estava que era só sorrisos por participar do Galpão em homenagem a Porto Alegre. Frequentador assíduo da Capital, onde estuda música, tem aulas de fonoaudiologia e primos, ele adota discurso de gente grande ao falar sobre a cidade.
– Guaíba é quase irmã de Porto Alegre. Gosto demais! Tem muitas coisas históricas. E o que me encanta é a juventude da cidade. Por mais tempo que passe, é libertária. Na rua, tu "vê" pessoas de todos os jeitos. Isso deixa a cidade harmônica – afirma.
Olhar renovado
Thomas Machado, de Estância Velha, tem como ícone um dos maiores símbolos da Capital: a estátua do Laçador.
– Eu sempre achei o máximo. Ah, e o aeroporto! Quando eu era pequeno, a gente vinha aqui olhar os pousos e decolagens dos aviões. E eu pensava: "Bah, um dia, a gente vai ter que andar em um desses". E, aí, veio o The Voice Kids para realizar esse sonho – comemora.
Já Maria Alice, que mora em Santana do Livramento, admira o aspecto cultural da cidade:
– Gosto bastante dos teatros, existem vários. É diferente para mim, que moro em Livramento.