Ian Ramil acaba de ganhar uma filha. E um Grammy. Em menos de uma semana, o jovem músico porto-alegrense viu nascer Nina, sua primeira filha, e, dias depois, viajou para Los Angeles para participar, na noite da última quinta-feira, da cerimônia do Grammy Latino – de onde trouxe o troféu de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa, por Derivacivilização, disco que lançou no final do ano passado. Ainda sem ter voltado a Porto Alegre, o músico conversou com ZH pelo WhatsApp e falou sobre esse momento único – pessoal e profissional.
– Eu não poderia estar mais feliz! Quero aproveitar esse momento ao máximo – diz Ian, para em seguida revelar seus planos mais imediatos: – Pretendo passar o maior tempo possível com minha esposa e minha filha e, no ano que vem, quero viajar mais com a turnê do Deriva. Mais pessoas têm que assistir a esse disco tocado ao vivo, a banda é poderosa.
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Derivacivilização, que rendeu a Ramil o prêmio inédito, é o segundo álbum de sua carreira: se IAN, de 2014, tinha um ar polido, o mais recente foi traduzido por ZH, à época de seu lançamento, como algo "mais barulhento, com influências que vão do rock de garagem a manguebeat e Radiohead". Ian o descreve, hoje, em três palavras:
– Liberdade criativa. Contragolpe.
O Grammy recebido por Derivacivilização é a ponta final de um trabalho que começou com uma viagem a Pelotas, rumo à casa em que viveu na infância, para gravar um disco que tivesse o clima de "gurizada descendo a lenha". Eis a gurizada: o guitarrista Felipe Zancanaro, da Apanhador Só, o baixista Guilherme Ceron, o baterista Martin Estevez, da Quarto Sensorial, e o clarinetista e pianista Pedro Dom, da Orquestra Celestial do Livre Arbítrio. Minutos depois da premiação de quinta-feira, o cantor e compositor Vitor Ramil, pai de Ian, lembrou da viagem escrevendo no Facebook: "A velha casa da Amarante está reverberando emoção no clima de amar ante o menino que se criou aqui e aqui criou o Derivacivilização com seus melhores amigos. Volta sempre".
– Um prêmio desse chama a atenção das pessoas para o que faço e para quem está próximo de mim. E um Grammy para um disco que vai contra a corrente, como é o Derivacivilização, é simbolicamente muito forte – avalia Ian: – Diz pra todos nós: "Vai, segue fazendo do jeito que bem entender, não precisa abrir mão do que acredita para conquistar as coisas". Existe uma cena muito rica em Porto Alegre que merece um olhar mais atento, com artistas como o Thiago Ramil (seu primo), que também foi indicado ao Grammy esse ano, o Poty Burch, as Três Marias, Saulo Fietz, Carmen Correa, Pamela Amaro, só para citar alguns.
Ian Ramil, filho e sobrinho (de Kleiton e Kledir) de nomes importantes da música popular brasileira, fez sua estreia em 2014, após um ano e meio de trabalho na música, com um disco que estampava na capa apenas seu primeiro nome, o que já mostrava a intenção de seguir um caminho separado dos parentes famosos. Agora, sob a euforia de ser reconhecido com um prêmio internacional, já pensa em seu próximo trabalho. Este, sim, deve ter muita influência da família:
– Já venho pensando e burilando coisas. As únicas certezas que tenho sobre o próximo disco é que quero fazer com calma e que vai ter a participação profunda da Nina.
Raio X:
Idade: 31 anos
Discos: IAN (2014) e Derivacivilização (2015)
Parceiros recorrentes: Apanhador Só, Ava Rocha, Orquestra Celestial do Livre Arbítrio e Filipe Catto
Para acompanhar: ianramil.com e facebook.com/ianramil
Próximo show: 9 de dezembro, no Teatro do Centro-Histórico Cultural Santa Casa, às 20h, com Thiago Ramil