Mulher cantora e compositora era coisa rara em Porto Alegre. Os anos 2000 mudaram essa escrita, pois hoje há inúmeras. Uma das melhores é Danny Calixto, que hoje lança no Teatro Renascença seu segundo álbum, Quintais do mundo. Com uma linguagem de força pop, ela tem uma voz marcante, meio rouquinha (timbre próximo a Marina Lima), gosta de misturar ritmos, é boa letrista e, fundamental, sabe escolher os músicos. Muito bem produzido e arranjado por Ângelo Primon, o disco é também instrumentalmente impecável. Em resumo, candidato certo às indicações do próximo Prêmio Açorianos de Música.
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Nascida em Porto Alegre, Danny viveu 10 anos em Curitiba a partir da adolescência. Lá, estudou violão clássico, formou-se em Artes Plásticas, trabalhou em agências de publicidade, foi vocalista em uma banda de rock e atriz de teatro. Circulou por bares e festivais de Paraná, Santa Catarina, Rio e outros Estados, cantando MPB, pop e jazz. De volta à capital gaúcha em 1995, seguiu na publicidade – até hoje trabalha com design. E na música: em 1998 montou a banda Os Waldos, de black music, com a qual atuou até 2002. No ano seguinte veio o primeiro álbum solo, Abracadabra, que teve duas indicações ao Açorianos.
Você sabe que um disco é bom quando a primeira faixa puxa para dentro dele e a terceira mostra que vale a pena ir até o fim. Com Quintais do mundo é assim. Oásis, a faixa de abertura, é um pop radiofônico recheado de guitarras (Primon). A segunda, Tempo, tempo (parceria com Márcio Celli), tem uma pegada que lembra Rita Lee. A terceira, Salamandra, iniciada com clarinetes (Thiago Carreteiro), é uma marcha-rancho de letra afiada: "Aí, depois de te encontrar com ares de quem se deu bem/ Fazer você me notar, se maldizer do que fez/ E eu vou dizer: tudo bem, a vida é mesmo assim!/ Dançar até clarear, com homens que eu nunca vi".
Segue nessa trilha, uma mulher falando de experiências e visões de mundo, ora quase românticas ("Pra que perguntar sobre amanhã/ Quando esta dor está em mim mas tem teu endereço", parceria com Rogéria Holtz), ora plásticas ("Um sol forte pousa na fruteira/ E a tarde desperdiçada avança na luz/ Um sol forte paira na fruteira/ Ilumina bananas e mangas/ A noite já se apresenta vestida de azul", parceria com Eliana Chiossi). E sobre os ritmos? O pop básico passa por milonga, chacarera, samba, balada. Entre os músicos, Toneco da Costa, Giovanni Berti, Diego Banega, Mano Gomes, Matheus Kleber. Esses e mais uns 10 estarão no show.
*Juarez Fonseca é crítico e colunista de ZH
Quintais do mundo
De Danny Calixto
Independente (distribuição Tratore), R$ 25.
À venda também nas plataformas digitais.
Show de lançamento nesta quinta-feira, às 20h, no Teatro Renascença (Erico Verissimo, 307), com ingressos de R$ 15 a R$ 30.