A Feira do Livro não está na Praça de Alfândega neste ano, mas não faltam exemplos na literatura de obras que têm Porto Alegre como cenário. Enquanto o evento segue sua edição online, em função da pandemia do coronavírus, GZH elenca 10 livros de ficção que se passam na Capital.
A lista faz um passeio entre os anos de 1847 e 2020: da Divina Pastora, de Caldre Fião, a O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório. Entre os clássicos e lançamentos, a seleção também traz obras de Dyonélio Machado, Paulo Scott, Luiz Antônio de Assis Brasil, Rafael Guimaraens e Michel Laub, Marcel Cireto, Miguel Sanches Neto e o trio Paulino de Azurenha, Mário Totta e Souza Lobo.
Confira:
Estrychinina (1897)
De Paulino de Azurenha, Mário Totta e Souza Lobo
Estrychinina é um romance publicado em 1897 e escrito, curiosamente, a seis mãos. Paulino de Azurenha, Mário Totta e Souza Lobo dividem a autoria dessa pequena pérola. O seu maior valor não é pela história em si, mas por retratar a Porto Alegre da época.
Na leitura, pode-se "visualizar" o casarão da Riachuelo, o comércio do Centro e as festas que aconteciam na Praça da Alfândega e no Menino Deus. O melhor registro está no trecho do passeio de bonde, que saiu da Rua da Praia em direção ao Menino Deus. No trajeto, o narrador foi descrevendo o cenário por onde passava.
Os Ratos (1937)
De Dyonélio Machado
É um clássico. Conta a história de Naziazeno, um funcionário público que sai em busca de recursos para pagar sua dívida com o leiteiro. Trata-se de um manifesto claro contra a selvageria do capitalismo. E também um retrato da Porto Alegre da época.
Na busca por dinheiro, Naziazeno perambula um dia inteiro pelo Centro, oferecendo ao leitor uma imagem da cidade nos anos 1930.
Marrom e Amarelo (2019)
De Paulo Scott
Para contar a história, Federico parte da relação pontuada por diferenças que tem com o irmão, Lourenço. Enfrentam, cada um à sua maneira, a discriminação racial. Os irmãos do Partenon mostram os contrastes entre a periferia e a elite da Capital.
Além do bairro, o leitor pode reconhecer locais como o campo do Arariboia e o Leopoldina Juvenil.
Cães da Província (1988)
De Luiz Antônio de Assis Brasil
Cães da Província, pode-se dizer, é uma biografia ficcional do escritor José Joaquim de Campos Leão Qorpo-Santo (1829—1883), tido, no seu tempo, como louco.
O autor vale-se do período histórico e resgata também os crimes da Rua do Arvoredo, que abalaram a cidade em 1864. A narrativa traz, em especial, durante as andanças de Qorpo Santo, um retrato de Porto Alegre da época.
Divina Pastora (1847)
De Caldre Fião
É o romance mais antigo do Rio Grande do Sul. Também é o segundo mais antigo do Brasil. A história se passa toda em Porto Alegre e arredores, durante a Revolução Farroupilha.
O autor destaca o Centro e o Belém, dando uma ideia para o leitor de como era a cidade por volta de 1840.
O Avesso da Pele (2020)
De Jeferson Tenório
Pedro reconstrói a história do pai, que foi assassinado em uma abordagem policial. A narrativa apresenta os sentimentos e reflexões sobre a condições no negro, o racismo e as relações de família.
O cenário é Porto Alegre, especialmente nos anos 1980 e 1990. Estão presentes, entre tantos locais, o bairro Bom Jesus, a Lancheria do Parque e a Casa de Cultura Mario Quintana.
O Segundo Tempo (2006)
De Michel Laub
A história traz o drama de um guri que vê a estrutura familiar se dissolver e tenta proteger o irmão mais jovem. Tem como pano de fundo o histórico Gre-Nal do Século, em 1989, e todo o panorama porto-alegrense da época.
O cenário está bastante presente, assim como clima, os costumes e o cotidiano da cidade no período.
Tragédia da Rua da Praia (2009)
De Rafael Guimaraens
Em 1911, um quarteto de estrangeiros chegou a Porto Alegre, assaltou uma casa de câmbio e matou o funcionário. A polícia saiu em perseguição, em uma cena jamais vista antes na cidade. Tudo foi registrado e virou um dos primeiros filmes produzidos no Estado. O episódio foi real, mas, no livro, o autor conta de forma romanceada.
É quase um guia das figuras históricas da cidade na época. O leitor encontra nomes como Carlos Cavaco, Mário Cinco Paus e Eduardo Hirtz, mas, sobretudo, visualiza a Porto Alegre de 1911.
Outonos de Fogo (2013)
De Marcel Citro
O romance entrelaça o período em que o território onde hoje é Porto Alegre era habitado apenas por indígenas aos dias da Revolução Federalista (1893—1895). Entre essas duas pontas, foram compreendidos romances cruciais, do passado do RS, como a chegada dos portugueses (séculos 16 e 17), as guerras com os espanhóis (século 18) e a Revolução Federalista (1835—1845).
A Segunda Pátria (2015)
De Miguel Sanches Neto
A cidade vista por quem é de fora. No romance, o paranaense Miguel Sanches Neto utiliza como cenário a capital gaúcha de 1938. A história aborda um possível domínio nazista sobre o Brasil. Porto Alegre seria palco da cerimônia em que Vargas e Hitler firmariam a parceria.
A narrativa visita o Hotel Majestic, a Casa Masson, o Chalé da Praça XV e a Praça da Matriz.