Para os leitores de Sergio Faraco, a cena que ora descrevo é familiar. Tio Joca, um experiente contrabandista, ensina a seu sobrinho, não mais que uma criança, os segredos de seu negócio, além de lições do que é estar no mundo, do que é ser um homem, dentro da tradição fronteiriça. Depois de comprar toda sorte de produtos em Alvear, os dois cruzam de volta para o Brasil numa noite chuvosa. Há no ar, além da umidade, a ameaça da abordagem da guarda da fronteira, o que os obrigaria a se desfazer de toda a carga. É o que acontece, cabendo ao menino deitar tudo ao rio. Já rebocados pela chalana aduaneira, um oficial olha para o pequeno e lamenta que desde tão cedo ele esteja na lida ilegal, ao que o Tio Joca contrapõe, "é a vida", Tio Joca que haverá de aguentar a perda de seu sustento sem derramar uma lágrima ao final do conto.
A tragédia humana
Resenha do dia: 60 Poetas trágicos, de Sergio Faraco
Colunista Pedro Gonzaga escreve sobre novo livro do autor
Pedro Gonzaga