Pela festa armada nesta terça-feira na Praça da Alfândega, era difícil acreditar que a 62ª Feira do Livro de Porto Alegre terminou com queda nas vendas. O tradicional cortejo final, que passou pelas alamedas cantando e distribuindo flores, ficou ainda mais animado que em edições anteriores, com a presença dançante do afoxé do Ponto de Cultura Ilê Axé Cultural e do Núcleo de Percussão do Quilombo do Sopapo.
Confira trecho do cortejo:
Mesmo que organizadores e livreiros soubessem que as vendas caíram sensivelmente em relação ao ano anterior – segundo a Câmara Rio-grandense do Livro (CRL), houve decréscimo de 19% no número de livros vendidos em relação a 2015 –, a noite parecia de comemoração:
– Este decréscimo de 19% não me assusta. Em pesquisa informal, vimos que houve uma queda de 40% de investimentos em eventos neste ano. Alguns encontros literários foram inclusive cancelados. Para nós, é uma vitória alcançar o que alcançamos. Sem exagero, sairíamos daqui satisfeitos mesmo com uma queda de 30% – afirmou Marco Cena Lopes, presidente da CRL.
O número de público que frequentou o evento também fechou em queda. Cerca de 1,4 milhão de pessoas circularam pelo evento, contra 1,5 milhão em 2015. A retração econômica foi o principal motivo apontado para a diminuição das vendas na Praça da Alfândega:
– Estamos em meio a uma crise nacional e estadual – disse Vitor Zandomeneghi, vice-presidente da CRL.
Área internacional e oportunidades de negócios
Segundo Marco Cena, para viabilizar o evento foi preciso fazer uma readequação de custos, que deve ser mantida na próxima edição, mas não adiantou grandes mudanças. A principal alteração no visual da Praça nesses dias foi a realocação da área internacional, que migrou para o Memorial do RS.
– Ficamos muito satisfeitos com o movimento na área internacional nesta edição, e acredito que os livreiros partilham da minha opinião. Se vamos manter esse formato, ainda é cedo para dizer, mas foi uma experiência positiva – disse o presidente da CRL.
Marco Cena também afirmou que pretende promover mais encontros ligados a negócios na Feira, para que escritores e editores de outras regiões do país e do mundo possam trocar propostas de publicação.
– O diálogo entre autores e editores é fundamental para que o negócio do livro no Estado cresça não apenas durante o evento, mas no ano todo. Muitos autores gaúchos só conseguem visibilidade na Feira do Livro. É preciso criar mais oportunidades – afirmou Marco Cena.