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Denise Fraga e Tony Ramos falam sobre a peça "O que Só Sabemos Juntos", que chega a Porto Alegre

Com ingressos esgotados, apresentações ocorrem no Salão de Atos da PUCRS desta quinta-feira a sábado. Ator receberá a homenagem Mérito Cultural durante sua passagem pela capital gaúcha

Carlos Redel

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Cacá Bernardes / Divulgação
Denise Fraga e Tony Ramos protagonizam o espetáculo "O que Só Sabemos Juntos".

Um século de entrega à cultura. São 60 anos de carreira de Tony Ramos e mais 40 de Denise Fraga, dois titãs da teledramaturgia, do cinema e do teatro. Juntos, eles sobem ao palco para quatro apresentações em Porto Alegre do espetáculo O que Só Sabemos Juntos. As sessões ocorrem desta quinta-feira (3) a sábado (5) no Salão de Atos da PUCRS, com ingressos já esgotados (veja horários ao final do texto).

De acordo com Tony, a peça está sendo um enorme sucesso, com média de público que ultrapassa os mil espectadores por sessão — 1.002, para trazer a exatidão detalhada pelo artista. E o que explica este fenômeno todo? Os nomes dos dois protagonistas fazem boa parte do trabalho de divulgação, é claro, mas o mistério sobre o que se trata exatamente a peça também instiga. Ao ser questionada pela reportagem de Zero Hora com a pergunta "Afinal, o que só sabemos juntos?", a dupla, bem-humorada, fez questão de enfatizar: tem que ver a peça.

— Nestes tempos modernos, as pessoas dizem: "Eu estou ouvindo bem". Ouvir é um som, um plástico que bate. Escutar é quando alguém olha para o interlocutor, presta atenção, reflete. Aí você escutou. Aquilo entrou no seu cérebro como uma informação. Então, o espetáculo se propõe a discutir o que nos aflige, o que imaginávamos para as nossas vidas, o que move as pessoas, o que as conduz pela vida — reflete Tony.

É por aí o caminho que O que Só Sabemos Juntos quer seguir: o da reflexão, mas sem a pretensão de ser uma sessão de terapia, conforme ressalta Denise. O espetáculo traz um roteiro, mas também coloca em pauta o improviso, a conversa franca com a plateia. E, nesta troca, são abordadas questões pungentes do mundo contemporâneo, como a crise climática, a dominação dos seres humanos por telas, o patriarcado, o etarismo, a finitude e a memória — seja dos protagonistas ou de textos de autores clássicos.

A ideia é apresentar dramas humanos, sem deixar de lado o humor. O espetáculo tem a dupla transitando pela plateia, recebendo o público, conversando com as pessoas e ouvindo as suas histórias. É um jeito diferente de fazer teatro, de acordo com Denise.

O que Só Sabemos Juntos tem uma requisição de presença, de a gente tentar entender ali o que só sabemos juntos. A gente fala de um monte de coisa durante a peça, tem uma dramaturgia, que é um casal discutindo, como um fio condutor. Falamos muito de escuta, do quanto precisamos nos rever — salienta a atriz. — É difícil dizer sobre o que é a peça, mas é uma experiência que tem tocado muitas pessoas, que dizem: "Eu não sabia se ria ou se chorava".

Admiração mútua

Denise e Tony já trabalharam juntos na televisão, mas é a primeira vez que a dupla se encontra no teatro. Esta junção veio por iniciativa do ator, que, ao assistir à colega no palco em 2019 e 2022 no elogiado monólogo Eu de Você, decidiu se oferecer, em um jantar, para um projeto com ela e o diretor Luiz Villaça, marido da atriz.

Sou um ator que há 20 anos não fazia teatro. E não é porque eu não gosto de teatro, pelo contrário, eu comecei no teatro. É que nada me interessava. Eu queria alguma coisa que envolvesse o público, que trouxesse o público mais para perto. E foi o que eu vi no Eu de Você, monólogo desta grande atriz que é a Denise Fraga — explica Tony. — Fiquei incomodado, o bom incômodo, aquele que te provoca perguntas.

O que Só Sabemos Juntos estreou no começo deste ano, tornando-se um sucesso por onde passa — vide os ingressos esgotados em Porto Alegre. Tony, porém, precisou passar por duas cirurgias na cabeça em maio, por conta de um hematoma intracraniano, o que o fez interromper a turnê da peça por quase dois meses. 

— Se eu já tinha uma admiração pelo Tony, como todo o Brasil tem, esse sentimento dobrou. É incrível vê-lo a essa altura da vida, com 76 anos, querendo correr perigo, querendo se arriscar em uma coisa nova. E ver o Tony com a disposição para a novidade. Você o vê fazendo coisas em cena que não acredita. É muito bonito ver a disponibilidade desse homem — complementa Denise.

Cacá Bernardes / Divulgação
Denise Fraga e Tony Roamos trabalham juntos no teatro pela primeira vez.

Mérito

Após a primeira apresentação da montagem, nesta quinta-feira, Tony Ramos será agraciado com a homenagem Mérito Cultural PUCRS, que reconhece a contribuição de personalidades do meio artístico para a cultura. Mesmo com suas seis décadas de carreira, o multipremiado ator, com 144 personagens em sua trajetória, não deixa de se emocionar com a honraria:

— Este reconhecimento me faz lembrar da caminhada, dos sonhos, das durezas. Passa uma história na cabeça. Mas qual é a grandeza que eu tenho para receber um mérito cultural? A minha companheira de 55 anos, Lidiane Barbosa, disse, é até emocionante falar: "Olha para você, relaxa, você tem uma história neste país, e você é aplaudido pelo seu povo". Ponto. É isso.

O Que Só Sabemos Juntos

  • Nesta quinta (3) e sexta-feira (4), às 20h, e sábado, às 17h e às 20h.
  • Salão de Atos da PUCRS (Av. Ipiranga, 6.681, Prédio 4), em Porto Alegre.
  • Após a sessão de sexta-feira, ocorre a entrega da homenagem Mérito Cultural PUCRS a Tony Ramos. E, depois da sessão de sexta, haverá bate-papo com os atores sobre a concepção da peça.
  • Classificação: 12 anos.
  • Duração: 90 minutos.
  • Ingressos esgotados.
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