Nesta quinta-feira (11), a defesa de Alec Baldwin concentrou seus esforços em questionar a investigação policial do disparo fatal ocorrido no set do filme Rust.
Baldwin manipulava um revólver Colt calibre .45 durante um ensaio trágico em outubro de 2021, no Novo México, quando a arma disparou e matou a diretora de fotografia do filme, Halyna Hutchins, e feriu o diretor Joel Souza.
Diante do júri que decidirá o destino do astro de Hollywood, seu advogado, Alex Spiro, questionou a perita Marissa Poppell, responsável pela cena do crime, sugerindo que o trabalho não foi exaustivo e que pode ter havido falta de transparência no caso.
— Não é verdade que você estava apenas tentando acabar com isso para que os promotores pudessem se concentrar em Alec Baldwin? — perguntou Spiro.
— Não — respondeu Marissa, que enfrentou momentos de tensão durante o longo interrogatório de Spiro, um advogado renomado.
A criminalista afirmou, primeiramente, que foi aberta "cada caixa" na sede do fornecedor de armas do filme, em busca de provas. Diante da pressão de Spiro, no entanto, ela descreveu a inspeção como "razoável".
O interrogatório seguiu a narrativa traçada por Spiro na véspera, durante seus argumentos iniciais, quando ele sugeriu que os investigadores e a promotoria se concentraram em Baldwin de forma deliberada.
Outro ator com munição real
Munição real não é permitida em sets de filmagem, porém investigadores a encontraram no carrinho de adereços, na caixa de balas e em duas cartucheiras pertencentes a Baldwin e a outro ator do filme, Jensen Ankles, revelou Marissa, que inspecionou o local da tragédia.
A perita confirmou que um projétil real foi encontrado na cartucheira de Baldwin, que interpretava um fora-da-lei no longa-metragem.
A investigação do caso não determinou como essa munição chegou ao Rancho Bonanza Creek, uma locação tradicional em Santa Fé. Para Marissa Poppell, evidências sugeriram que as balas entraram no set pelas mãos da armeira Hannah Gutierrez.
A então detetive do caso, Alexandria Hancock, que também depôs hoje, concordou. Hannah foi condenada em abril a 18 meses de prisão por homicídio culposo, pelo mesmo tribunal de Santa Fé. Baldwin, 66, pode ter o mesmo destino.
O astro de Hollywood chegou ao tribunal vestindo terno escuro e óculos de armação grossa. Sua mulher, Hilaria, e seu irmão mais novo, Stephen, acompanharam o processo dentro do tribunal.
Gatilho
Halyna Hutchins, uma estrela em ascensão na indústria, tinha 42 anos quando morreu. De origem ucraniana, era casada e tinha um filho.
Baldwin afirmou diversas vezes que não puxou o gatilho. Mas um relatório do FBI, que fez testes no revólver, contradiz essa versão.
A promotoria, que descreveu Baldwin como um astro poderoso do cinema que se comportou "de forma irresponsável" e "sem o devido respeito pela segurança dos outros", levou hoje o fabricante da arma, Alessandro Pietta, para sustentar esse ponto.
— A única forma de disparar essa arma é apertando o gatilho? — perguntou a Pietta a promotora Erlinda Ocampo Johnson.
— É a forma de fazê-lo — respondeu o italiano.
Spiro alega que Baldwin é inocente e que, como ator, não era sua responsabilidade verificar o conteúdo de uma arma durante uma atuação no set.
O fim do julgamento está previsto para o próximo dia 19, quando o júri iniciará suas deliberações.