O ator estadunidense Ashton Kutcher renunciou, nessa sexta-feira (15), ao cargo de presidente do conselho da Thorn, uma organização sem fins lucrativos que ele fundou ao lado da ex-esposa, Demi Moore, há mais de uma década para combater a exploração sexual infantil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
— Após vários dias de reflexão, aprendizado e conversas com sobreviventes, funcionários e líderes da Thorn, determinei que a coisa responsável a fazer é renunciar como presidente do conselho, com efeito imediato. Não posso permitir que meu erro de julgamento desvie a atenção de nossos esforços e das crianças que servimos — disse em comunicado publicado no site da organização.
A renúncia ocorre após o ator e a atual esposa, a atriz Mila Kunis, serem criticados por escreverem cartas descrevendo Danny Masterson como um "marido dedicado e leal", um "excelente modelo" e um "excepcional irmão mais velho". Masterson foi condenado a 30 anos de prisão por agressão sexual a duas mulheres entre 2001 e 2003.
Entenda o caso
O casal enviou as cartas à juíza Charlaine Olmedo para pedir uma pena menor, apesar de saber da gravidade das acusações. A ideia foi uma estratégia da defesa do acusado para comprovar sua idoneidade e abrandar sua pena.
Ashton, Mila e Danny são amigos de longa data e atuaram juntos entre 1998 e 2006 na série That 70s Show, que recentemente ganhou um spin-off lançado, em 2023, pela Netflix, That '90s Show.
— Não acredito que ele seja um perigo iminente para a sociedade, e sua filha ser criada sem um pai presente seria, por si só, uma injustiça. Ele é um ser humano extraordinariamente honesto. Ao longo de um relacionamento de 25 anos, sequer me lembro de ele ter mentido para mim. Ele me ensinou a ser direto e a enfrentar os problemas da vida e dos relacionamentos de cabeça erguida e seguindo em frente — afirmou Kutcher na carta.
— Atesto de todo o coração o caráter excepcional de Danny Masterson e a tremenda influência positiva que ele teve sobre mim e as pessoas que o cercam — Mila Kunis em outra carta. Ambos os atores insistiram em que Masterson, acusado de drogar suas vítimas antes de estuprá-las, caracterizou-se por levar uma vida livre de drogas.
Segundo a imprensa americana, além de Ashton e Mila, mais de 50 pessoas enviaram cartas à juíza em apoio a Masterson, entre elas os atores Giovanni Ribisi e William Baldwin.
As críticas pelas cartas enviadas vieram de figuras públicas como as atrizes Kathy Griffin e Christina Ricci, que destacaram a importância de apoiar vítimas de agressão sexual em vez de indivíduos condenados por tais crimes. O casal fez um vídeo de pedido de desculpas depois da repercussão negativa.