A cineasta Viviane Ferreira foi escolhida por unanimidade para presidir o comitê que vai eleger o filme brasileiro para a disputa do Oscar de Melhor Filme Internacional, na cerimônia marcada para 25 de abril de 2021. Viviane, que também é roteirista, comandará um grupo seleto, formado pelos diretores de fotografia Affonso Beato e Lula Carvalho, a cineasta Laís Bodanzky, o diretor Roberto Berliner, e os produtores Clelia Bessa, Renata Magalhães, Leonardo Monteiro de Barros e Rodrigo Teixeira.
— Todos são membros da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais que, desde 2017, é reconhecida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood como a única entidade responsável por essa seleção — comenta Jorge Peregrino, que preside a entidade nacional e tem até esta segunda-feira (31) para enviar a lista da comissão a Hollywood.
A observação é pertinente, pois evita interferência de qualquer outra entidade ou instituição governamental no processo de escolha. Isso acontecia nos anos anteriores, quando o então Ministério da Cultura indicava um representante para opinar no comitê.
— Foi quando Sérgio Sá Leitão, que era o ministro, firmou um convênio com a Ampas (entidade que organiza o Oscar), em 2017, que passava para a nossa Academia o poder de decisão — conta Peregrino.
Mesmo assim, o atual secretário de Cultura, Mário Frias, apresentou uma proposta de participação paritária, o que daria ao governo o direito de ter um número igual de representantes no comitê. Houve um temor na classe, pois era esperada uma pressão ideológica contra determinados filmes por conta de seu conteúdo.
A tentativa, porém, não surtiu efeito pois, além da Ampas exigir que o comitê seja formado exclusivamente por profissionais da área de cinema, a mudança na formação do grupo teria de ser solicitada com um prazo mínimo de 120 dias.
Por conta da pandemia, Hollywood precisou alterar regras — os filmes concorrentes nessa categoria, por exemplo, devem ter estreado em seu país entre 1º de outubro de 2019 e 31 de dezembro de 2020. É preciso também que o longa tenha sido exibido por pelo menos sete dias consecutivos em salas de cinema comercial. Há, com isso, a expectativa de que mais locais de exibição reabram até o final do ano.
Mesmo assim, por causa da pandemia do coronavírus, a Academia americana permitirá a inscrição de filmes que tiveram canceladas suas estreias nos cinemas, mas que foram exibidos em plataformas de streaming.
— Outra mudança é que a pré-seleção feita por eles vai apontar 17 longas e não mais 10, como antes acontecia — afirma Peregrino
O Brasil tem exatos 50 artistas com direito a voto na Academia de Hollywood, nomes como Fernanda Montenegro, os irmãos Walter e João Moreira Salles e quatro membros do comitê brasileiro (Lais, Beato, Carvalho e Teixeira). As inscrições nacionais vão abrir nesta semana.
— Não existe um tipo de filme que tenha mais chances no Oscar, como se comenta. Vale o talento — diz Peregrino.