Ataque primeiro. Ataque com força. Sem piedade. Na primeira temporada de Cobra Kai, o lema impetuoso da academia de caratê que dá nome à série guiou o sensei Johnny Lawrence (William Zabka) e seus pupilos ao êxito, depois de cumprirem uma jornada de descoberta. Porém, a parte do "sem piedade" que compõe o tripé do slogan passa a ser questionada na segunda temporada da atração, já disponível no YouTube Premium, com 10 episódios de cerca de meia hora de duração cada.
A vitória da academia no ano anterior também ocorreu fora da narrativa: Cobra Kai é até hoje a série original de maior sucesso do YouTube, plataforma ainda incipiente na produção de conteúdo próprio. Em 2018, a atração chegou a superar as demandas de 13 Reasons Why (Netflix) e The Handmaid's Tale (Hulu), segundo a Parrot Analytics – empresa que analisa dados de menções online e conclui quais produções obtiveram mais interesse do público. O episódio de estreia soma mais de 62,5 milhões de visualizações, e a primeira temporada atingiu 100% de aprovação no Rotten Tomatoes – site agregador de críticas. Foi um marco para o YouTube Red, que se transformaria em YouTube Premium ao longo do ano.
Com o sucesso da primeira temporada, a sequência veio naturalmente. Cobra Kai começou 34 anos após os acontecimentos do primeiro filme da franquia Karate Kid (1984). Derrotado por Daniel LaRusso (Ralph Macchio) quando era jovem, Lawrence é um perdedor com dificuldades de seguir em frente. Ele reabre a controversa Cobra Kai, onde treinou na adolescência, e recruta como aluno seu vizinho equatoriano Miguel Diaz (Xolo Maridueña), além de adolescentes com dificuldades de relacionamento. Por outro lado, seu problemático filho, Robby Keene (Tanner Buchanan), o despreza e passa a ser treinado por Daniel San.
Novos episódios estão garantidos para 2020
Após as conquistas da Cobra Kai, o sensei inescrupuloso da primeira trilogia de Karate Kid, John Kreese (Martin Kove), reaparece. Ele se oferece para trabalhar na academia. Relutante, mas com piedade (contrariando o lema), Lawrence resolve dar uma segunda chance ao seu ex-mestre, afinal, ele próprio está tentando se redimir.
Enquanto isso, seu eterno rival LaRusso abre a academia Miyagi-Do, em homenagem a seu mentor, Sr. Miyagi (Pat Morita). Além de Robby, ele treina sua fiha Samantha LaRusso (Mary Mouser). Empolgado, passa a dedicar mais tempo do que deveria ao dojo.
Seria fácil se cada um trabalhasse no seu canto, mas Lawrence e LaRusso nunca conseguem superar a velha rivalidade. Há sempre uma desconfiança mútua. Nesse conflito, quem não ajuda é Kreese, que não mudou nada em três décadas e atua como gasolina na brasa para incendiar a Cobra Kai.
Assim como na primeira temporada, Cobra Kai segue sendo um folhetim adolescente pontuado com cenas de caratê. Um dos maiores méritos da série é continuar investindo na zona cinza, tanto para Lawrence quanto para LaRusso – dois personagens com boas intenções, mas equivocados em suas atitudes, o que se estende aos seus pupilos. Com exceção de Kreese, não há mocinho ou vilão.
Por um lado, o bem-sucedido Daniel já venceu na vida e seus problemas soam mais como "dramas de um homem de classe média na meia-idade". Já o perdedor Lawrence está ainda mais humanizado. Ele apresenta uma evolução, quer seguir em frente, e entende que os conceitos antigos da Cobra Kai não se aplicam mais plenamente. O personagem de Zabka também entrega os momentos mais divertidos da série, como quando descobre a internet ou o Tinder.
Eficaz em seu segundo ataque, Cobra Kai voltará em 2020 para mais golpes, dramas e piedade.
Assista ao trailer da segunda temporada de Cobra Kai: