A mais recente versão cinematográfica da saga Planeta dos Macacos encerra um ciclo com seu terceiro título em tom maior. Planeta dos Macacos: A Guerra (2017) apoia-se – e se esbalda – em duas bases que vêm sendo desenvolvidas desde o primeiro filme da nova série, lançado em 2011: a conexão da plateia com os personagens simiescos e a evolução constante dos efeitos especiais, que refinam cada vez mais as expressões e os aspectos humanos dos primatas. A Guerra anuncia-se como o confronto decisivo do macaco César (Andy Serkis) com o coronel McCullough (Woody Harrelson); aos poucos, porém, um outro e mais interessante conflito ganha proeminência na história: a turbulenta convivência entre a essência animalesca e a crescente índole racional no interior dos macacos – especialmente de seu líder, intensamente dividido entre essas duas naturezas.
Com direção e roteiro de Matt Reeves – realizador também do episódio anterior, Planeta dos Macacos: O Confronto (2014) –, o filme começa mostrando uma batalha na selva entre homens e símios. Depois de sofrer grandes perdas, os macacos buscam um novo refúgio enquanto César parte atrás de vingança contra o comandante humano – uma versão grosseira do coronel Kurtz interpretado por Marlon Brando no clássico Apocalypse Now (1979). Em sua obstinada jornada no meio da neve em busca do acampamento no norte onde estão o coronel e sua tropa, César é acompanhado contra sua vontade por companheiros como o sábio orangotango Maurice (Karin Konoval) e o gorila Luca (Michael Adamthwaite) – além de topar no meio do caminho com dois novos personagens: o simpático chimpanzé Bad Ape (Steve Zahn) e uma garotinha silenciosa (Amiah Miller).
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– No começo, vemos César depois de três anos de guerra com os humanos. Ele ainda mantém então seu otimismo, acha que pode encontrar uma solução pacífica. Mas as perdas que acaba sofrendo alimentam seu ódio e seu desejo de vingança. Vemos então uma grande mudança na personalidade dele. Pela primeira vez, César tem dificuldades de lidar inclusive com seus próprios amigos macacos – explica Andy Serkis em entrevista por telefone a Zero Hora.
Em Planeta dos Macacos: A Guerra, César reina soberano – graças tanto ao incrível realismo da tecnologia de captura de performance quanto à interpretação do ator por baixo das camadas de efeitos computadorizados. Serkis tornou-se referência da chamada motion captured acting: o inglês de 53 anos já deu vida a personagens como o Gollum da franquia O Senhor dos Anéis, o macacão protagonista de King Kong (2005), o Capitão Haddock em As Aventuras de Tintim (2011) e o Líder Supremo Snoke de Star Wars: O Despertar da Força (2015). Dono de uma empresa especializada nessa tecnologia de computação gráfica, o astro poderá ser visto nas telas em 2018 como Ulysses Klaw, o Garra Sônica do filme Pantera Negra, e sob os pelos do urso Balu em Jungle Book – nova adaptação do clássico texto do escritor Rudyard Kipling que Serkis também dirige.
– Planeta dos Macacos: A Guerra é sobre sobrevivência, de muitas maneiras. Não há vencedores em uma guerra. Esse filme é muito mais sobre empatia e compreensão. O bonito é notar como César vê na figura que mais odeia a perda e a dor que aquele personagem também sente – argumenta Serkis, que esteve em São Paulo nesta semana divulgando o filme.