Até o ano de 1930, a Rua 24 de Outubro era chamada de Rua Moinhos de Vento. A atual Avenida Independência, que nasceu como uma saída natural da vila em direção à Aldeia dos Anjos de Gravataí, também foi conhecida, nos primórdios da urbanização da nossa cidade, como Estrada ou Caminho dos Moinhos de Vento.
Sabe-se, com certeza, que, em 1818, havia um moinho de trigo instalado no cruzamento dessa estrada (ou caminho) com a agora Rua Barros Cassal. O proprietário era o cidadão Antônio Martins Barbosa, também conhecido por Barbosa Mineiro. Os equipamentos de moagem ali permaneceram até 1836, quando houve determinação militar para removê-los para não se prestarem como "ponto de tiro alto" sobre a cidade por ocasião do cerco dos farroupilhas. A existência desse engenho certamente foi determinante para a criação do topônimo que identificava aquela via. Mas tudo indica que esse não foi o único moinho de vento existente. Por volta de 1780, há notícias de que, até mesmo na Praça da Matriz, provavelmente onde hoje encontra-se a Assembleia Legislativa, também haveria um moinho.
O bairro Moinhos de Vento começou a ser loteado e povoado em torno de 1878, quando Maurícia Cândida da Fontoura Freitas e Fernando Fontoura Freitas promoveram a implantação do arraial São Manoel, ligando a Estrada dos Moinhos de Vento à Estrada da Floresta (atual Avenida Cristóvão Colombo), tendo como conexões principais as ruas Dr. Timóteo e Félix da Cunha. Mas só em 1889 essa área passou a ser reconhecida como "florescente arraial". A primeira linha de bondes chegaria em 1893, implantada pela Companhia Carris Urbanos, com os pequenos veículos apelidados de "caixas de fósforo", que só foram substituídos em 1908 pelos elétricos da Carris Porto-Alegrense.
Em 1927, a Rádio Gaúcha começou a operar a partir do sexto andar do imponente Grande Hotel, na esquina da Rua dos Andradas com a Caldas Júnior, no Centro. As ondas da emissora tinham que chegar cada vez mais longe e, então, em 1932, o estúdio foi instalado na Praça José Montaury, em frente aos jardins da atual Estação de Tratamento de Água do Dmae, onde foram implantadas as torres de madeira de ipê, com 50 metros de altura, que alteraram a linha do horizonte no Moinhos de Vento.
Fonte: Porto Alegre Guia Histórico, de Sérgio da Costa Franco