Norberto Tietz teve uma vida movimentada. Nasceu na colônia, interior de Garibaldi, e foi agricultor na juventude, colhendo uva a cada verão, plantando cítricos no inverno. Depois se mudou para a cidade e encontrou a profissão pela qual se tornou conhecido: fazia entregas para uma revendedora de gás de cozinha. Virou o “Nono do Gás”. Foi no ano passado que uma série de problemas de saúde começaram a atingi-lo. E, em meio a um dos tratamentos, ele contraiu o coronavírus e faleceu, em 5 de maio.
Tietz era uma pessoa, ao mesmo tempo, alegre e humilde, descreve a neta Taís.
— Programa sagrado com ele era jogar carta. Toda noite tinha pife lá em casa — relata Taís, que mora com a mãe, Leocádia. Na mesma casa residia também Tietz e a esposa, Ilda, 88 anos.
Tietz era muito estimado em Garibaldi, sobretudo no bairro São Francisco, onde vivia.
Foi em 2019 que ele sofreu um primeiro baque na saúde: quebrou uma perna, o que o deixou com a mobilidade prejudicada. A segunda surpresa negativa veio com exames médicos que detectaram um mieloma múltiplo, um tipo de câncer, e também um pequeno tumor num dos pulmões. Aí Tietz começou a passar grande parte do tempo acamado.
Para tratar o câncer, ele se submetia a sessões periódicas de quimioterapia, em Garibaldi. Foi após uma das últimas doses que ele começou a demonstrar falta de ar, recorda Taís. Foi levado ao hospital São Pedro, em Garibaldi. Como poderia ser covid-19, os médicos conseguiram transferência para o hospital da Unimed em Caxias do Sul, que tem UTI especializada no tratamento dessa doença.
O Nono do Gás ficou hospitalizado uma semana. Nos primeiros cinco dias, na UTI. Os médicos davam boletins para os familiares, por vídeo. Com uma ligeira melhora, foi transferido para um quarto. Demonstrava agitação. No dia 5, ele teve uma rápida pior no quadro e não resistiu.
A nora Leocádia e a neta Taís também tiveram diagnóstico de covid-19, com sintomas leves: febre, nariz trancado, como os de um resfriado, descreve a neta de Tietz.
Norberto Tietz foi sepultado no cemitério do bairro São Francisco, em Garibaldi. Ele deixou a esposa Ilda, os filhos Djalmir, Valdir, Airton (já falecido), as netas Taís, Fernanda e Andréia e os bisnetos Davi e Jasmine.