Em conferência de vídeo via redes sociais nesta quarta-feira (29), o governador Eduardo Leite e a secretária da Saúde, Arita Bergamann, anunciaram que a portaria com regras para o funcionamento dos frigoríficos no Rio Grande do Sul será publicada em algumas horas. As normas mais rigorosas de higiene e distanciamento irão valer para todos os setores da indústria.
Os frigoríficos se tornaram foco de surtos de coronavírus entre os seus trabalhadores e, até segunda-feira (27), pelo menos 10 plantas estavam sob monitoramento devido à disseminação do vírus entre trabalhadores. A portaria estava prevista para sair na terça-feira (28), mas foi adiada por um dia após mobilização do setor de carnes e de parlamentares ligados à indústria, que se reuniram com a secretaria para discutir as medidas.
– Somos um governo que ouve a sociedade. A reunião também contou com a participação do Ministério Público (MP) e do Ministério Público do Trabalho (MPT). Algumas sugestões do MPT devem ser acrescidas no texto, que não irá se alterar no seu conteúdo central. A portaria será para as indústrias de um modo geral. O regramento, os cuidados, os protocolos em relação ao trabalho devem ser seguidos em qualquer instituição para evitar o vírus no ambiente, desde o transporte (dos trabalhadores em ônibus), as aglomerações na chegada, nos refeitórios, nos vestiários da própria empresa. Essa portaria estrá pronta no final da manhã e pretendemos hoje (quarta-feira) dar a devida publicidade, tendo o cuidado necessário para preservar a vida e o abastecimento que todos dependemos – disse Arita.
Leite ressaltou a importância econômica do setor de carnes e disse que o governo busca "conciliar" o abastecimento da população e regras de proteção à saúde. O governador ressaltou que as dificuldades com a transmissão do coronavírus não se restringem ao Rio Grande do Sul e ao Brasil, já que unidades de produção de alimentos de proteína animal tiveram de fechar nos Estados Unidos após a detecção de surtos entre trabalhadores.
– O Estado está trabalhando nessa questão com a devida conciliação. Além de uma questão econômica super relevante, são milhares de funcionários nessas plantas, temos a questão do abastecimento, da alimentação, e temos de fazer a conciliação com a proteção à saúde nessa área que envolve muito contato, muitas pessoas trabalhando no mesmo local. Inclusive pela umidade, pela dispersão no ar, com a lavagem de carcaças de animais, tudo isso torna um ambiente não apenas no Brasil, no Rio Grande do Sul, mas os Estados Unidos estão tendo dificuldades em relação a garantir funcionários para fazer o abate de animais em função desse quadro de maior contágio que se observa nessas plantas – avaliou o governador.
Em Passo Fundo, uma planta da JBS foi interditada por tempo indeterminado no dia 24 de abril após a descoberta de que 19 dos 2.650 funcionários estavam infectados pelo coronavírus. Nesta semana, o número de casos positivos da planta saltou para pelo menos 48, com a morte de três familiares de trabalhadores pela covid-19. Empregados do setor que atuavam em frigoríficos de outras empresas em Garibaldi e Lajeado faleceram. Há mais casos positivos em indústrias do ramo em Marau, Serafina Corrêa, Tapejara, Trindade do Sul e Encantado.