Indispensável em qualquer tempo, o acesso à informação é ainda mais importante nesta época de combate à pandemia de coronavírus pelo mundo. Leitores da versão impressa de jornais, comprada em bancas ou recebida em domicílio por meio de assinatura, devem tomar os mesmos cuidados de higiene que são seguidos em relação a outros itens que vêm da rua, como a lavagem das mãos após o manuseio dos exemplares e a higienização da superfície com que as páginas tiveram contato.
Os setores de operação e logística do Grupo RBS já estão tomando medidas para aumentar a segurança dos ambientes e dos trabalhadores do Parque Gráfico Jayme Sirotsky, no bairro São João, em Porto Alegre, e nos 31 Centros de Distribuição (27 no Rio Grande do Sul e quatro em Santa Catarina), responsáveis pela impressão e pela entrega dos exemplares dos jornais Zero Hora, Diário Gaúcho e Pioneiro. Moderna, a rotativa que imprime as edições é automatizada, ou seja, opera por comandos que não necessitam da interferência humana em praticamente todo o processo.
Gynara Rezende, infectologista do Serviço de Controle de Infecção da Santa Casa e do Hospital Porto Alegre, acredita ser muito difícil o contágio por coronavírus a partir do toque em um jornal. Além de o contato ser mínimo, a edição impressa é um artigo seco – a umidade, por outro lado, tem mais concentração de vírus e bactérias, para efeito de comparação.
A médica faz algumas recomendações que aumentam a segurança dos leitores. Deve-se evitar encostar as mãos no rosto (boca, nariz e olhos) durante a leitura, prestando especial atenção a uma prática comum: não molhe a ponta dos dedos na língua antes de folhear as páginas. Também é preciso evitar ler o jornal durante as refeições – outro hábito disseminado, e que deve ser abandonado, é o de conferir as notícias enquanto se degusta o café da manhã. O melhor é abrir o jornal em uma superfície lisa, como uma mesa, que possa ser higienizada em seguida. Terminada a leitura, a pessoa o descarta e lava as mãos com água e sabão. Gynara não indica o reaproveitamento das folhas.
— Depois de lido, coloque o jornal no lixo seco. Não embale utensílios dentro de casa, não forre o chão. Não neste momento — orienta a infectologista.
Como é a produção do jornal diário
Para que os leitores conheçam melhor como é a produção do jornal diário, esta reportagem descreve, a seguir, passo a passo, como funcionam as áreas de Operações e Logística. O papel utilizado, comprado de fornecedores no Canadá e no Brasil, chega ao parque em bobinas, cada uma delas pesando em torno de 1,2 tonelada, embaladas em um papelão espesso. Os estoques costumam ser suficientes para o período de dois a três meses – o que quer dizer que, até que seja utilizado na rodagem, o papel-jornal fica armazenado por até 90 dias.
Depois de lido, coloque o jornal no lixo seco. Não embale utensílios dentro de casa, não forre o chão. Não neste momento.
GYNARA REZENDE
Infectologista da Santa Casa
Uma empilhadeira leva a bobina até a máquina, onde então um trabalhador retira a embalagem que a protege. Nesse momento, há contato do trabalhador com o papel, mas esse pedaço será logo desprezado, conforme explica Péricles Cenço, diretor de Operações de Zero Hora. Para fazer ajustes necessários à adequada impressão dos conteúdos, a rotativa descarta o equivalente a cerca de 200 exemplares no início da utilização de uma bobina. A partir daí é que a impressão passará a valer, depois de feitos todos os acertos.
— O papel em que o funcionário tocou vai fora — esclarece Cenço.
Depois de receber a tinta que imprime os textos e as imagens, os jornais são levados, também de forma autônoma, até uma dobradeira, na qual as edições são cortadas e dobradas, dando o formato em que o leitor recebe suas edições. Na dobradeira, garras automáticas pegam os exemplares individualmente, conduzindo-os por uma esteira até a área de remessa. Os exemplares, também de maneira automática, são empilhados e amarrados com uma fita plástica resistente. Esses blocos de jornais são então empurrados para uma esteira principal, que conduz o material para o interior dos caminhões. Em cada veículo, uma pessoa é responsável por organizar as pilhas, encostando nelas apenas quando necessário.
— Dentro do parque gráfico, praticamente ninguém toca nos jornais — afirma Cenço.
Maior segurança para profissionais e leitores
A exemplo de outras áreas do Grupo RBS, o Parque Gráfico Jayme Sirotsky alterou rotinas e adotou diretrizes que buscam proporcionar maior segurança a seus profissionais e, consequentemente, aos leitores. Há uma intensificação da limpeza de superfícies, portas são mantidas abertas para melhor ventilação, funcionários evitam transitar entre diferentes andares e as escalas de trabalho agora preveem intervalos entre turnos, para que as equipes não se encontrem e não fiquem mais expostas.
Com a partida dos caminhões do parque, as cargas são transportadas até os Centros de Distribuição, que dividirá os exemplares entre os diversos entregadores. Luís Felipe Bueno Ferreira, gerente de Logística do Grupo RBS, também determinou, na última semana, novas medidas de higiene e cuidado para os envolvidos nessas tarefas. Até então, era comum que os motoristas socializassem em pequenos grupos, conversando e tomando café, antes do início das viagens. Com a recomendação das autoridades sanitárias para que se evitem aglomerações, essas reuniões ficaram proibidas. Além disso, cada pessoa deve respeitar a distância mínima de dois metros uma da outra. Fumantes não devem mais compartilhar isqueiros ou cigarros. O hábito de compartilhar chimarrão também não está mais permitido.
O contato dos trabalhadores com os jornais é mínimo, já que as pilhas são carregadas pelas cintas plásticas que as envolve, relata Ferreira. Todos que manuseiam os blocos de exemplares, no caminho entre os Centros de Distribuição até os entregadores, estão orientados a limpar as mãos com frequência durante o trabalho. Foi pedido que os entregadores permaneçam o menor tempo possível dentro dos Centros de Distribuição, por serem locais fechados.
— Os entregadores devem higienizar as mãos antes e depois de manusear o jornal e antes e depois de realizar as entregas – detalha Ferreira. – Disponibilizamos banheiro para a lavagem das mãos nos Centros de Distribuição e álcool gel para os entregadores. Estamos enviando álcool gel para aqueles locais onde há dificuldade de encontrar o produto à venda — ressalta o gerente de Logística.