A pandemia de coronavírus no mundo provoca uma série de dúvidas sobre a infecção. Um dos questionamentos ocorre em relação ao atendimento médico aos pacientes com suspeita de contágio. Em alguns casos, a pessoa é encaminhada para casa. Em outros, a internação em hospital com uma sala isolada é o procedimento mais indicado. Segundo especialistas contatados por GaúchaZH, o tratamento depende da gravidade de cada caso.
Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o médico Juarez Cunha, afirma que o isolamento mais forte ocorre nos mesmos moldes do que é promovido em outros casos de doenças contagiosas, como meningite e tipos de gripes mais severas.
— Em geral, quando a gente tem uma sala específica de isolamento respiratório, por exemplo, ela vai ter uma ventilação própria, um sistema de esgoto próprio. Toda a parte do que entra e do que sai da sala tem de ser bem controlada — diz Cunha.
No entendimento do profissional, o Brasil e o Rio Grande do Sul estão preparados para atender casos de coronavírus e cita como prova o combate à pandemia de gripe de 2009. Conforme Cunha, os procedimentos utilizados na época são semelhantes aos que serão adotados atualmente. Entretanto, eventuais problemas de estrutura no sistema de saúde podem de fato ser registrados, caso a magnitude do contágio cresça, pondera o médico.
Em uma cartilha com perguntas e respostas publicada em seu site, o Ministério da Saúde, informa que o paciente com suspeita de infecção por coronavírus deve utilizar máscara cirúrgica e ser encaminhado a um quarto privativo. Os casos graves devem ser remetidos para um hospital de referência para isolamento e tratamento.
O diretor-superintendente do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), André Cecchini, destaca que o tipo de atendimento depende do grau de infecção. Nos cenários mais graves, quando o paciente apresenta quadro avançado da doença, o mais indicado é a internação em uma sala individual da Unidade de terapia intensiva (UTI), com ventilação própria e filtro de ar. Como o vírus não se propaga no ar por grandes distâncias, esse procedimento visa evitar o contato com outras pessoas.
— Todos os nossos quartos da UTI são individuais. Então, o paciente fica isolado. O funcionário que lida com aquele paciente não lida com nenhum outro. Toda vez que ele entra no quarto, ele usa um aparato para evitar contágio — explica Cecchini.
Isolamento em casa
O presidente da SBIm destacou que, em casos de sintomas mais leves, como apenas a ocorrência de febre, é de praxe encaminhar o paciente para tratamento em casa. No entanto, o isolamento tem de ser respeitado para evitar complicações futuras.
— Não tem por que eu internar uma pessoa só por ter suspeita e por ter realizado uma viagem à China nos últimos 14 dias, que tem febre e não apresenta sintomas que justifiquem a internação. Não tem por que internar ele pensando que o caso vai evoluir para um quadro grave — salienta Cunha.
Coordenador da Comissão de Controle de Infecção do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Rodrigo Pires afirma que, na maioria dos casos, um isolamento mais complexo não é necessário, pois esse tipo de vírus não se espalha por distâncias maiores.
— Essas gotículas, ao contrário de outras infecções, são partículas mais pesadas. Então, elas não ficam flutuando no ar. Elas não viajam por distâncias maiores do que um metro e meio. Portanto, para isolamento desses pacientes, não é necessária uma sala especial, Apenas que, ao redor desse metro e meio, eu siga as medidas de precaução — pontua Pires.
O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) publicou nesta sexta-feira (31) uma primeira versão de Plano de Contingência e Ação para o novo Coronavírus. O material descreve as ações de Vigilância e Atenção em Saúde do Estado em todos os níveis de complexidade a serem executadas no caso de detecção de uma suspeita. As orientações buscam minimizar os riscos à população frente a um caso e orientar a adoção de medidas preventivas e indicação de uso de equipamentos de proteção individual (EPI) nos serviços de saúde.