Os filmes a que assisti ao longo da vida sobre as duas guerras do Vietnã (a da Indochina, contra a França, e a mais famosa, contra os Estados Unidos) foram suficientes para encravar esse pequeno país no meu imaginário. Os conflitos o deixaram em ruínas e causaram milhões de mortes. Mas visitá-lo é perceber a capacidade de resiliência das pessoas e observar uma nação em pleno processo de mudança.
A cidade escolhida foi Ho Chi Minh, centro financeiro do Vietnã. Conhecida como a Dama do Oriente, a antiga Saigon, ao Sul, é a maior metrópole vietnamita. Percorrer as ruas é esbarrar com veteranos de guerra caminhando calmamente por espaços públicos e organizados e por mulheres que vendem frutas frescas penduradas em cestos de bambu e com os tradicionais chapéus em forma de cone na cabeça. A cidade tem um fluxo de vespas tão intenso que o visitante pode ficar tonto. É preciso cuidado para atravessar as ruas.
Mais desta reportagem
Em alta, Sudeste Asiático é um destino exótico e barato
Tailândia encanta pelo budismo e pelas praias sem igual
Laos, um tesouro escondido no Sudeste Asiático
Camboja tem templos incríveis e ilha deserta
É fácil deslocar-se a pé, e a segurança permite que o façamos sem medo. Há alguns locais que precisam ser visitados, como o Palácio da Independência, o Reunification Palace, prédio de cinco andares do anos 1960 que se mantém praticamente intocado desde o dia em que Saigon se rendeu ao norte comunista. Ali, estão réplicas de tanques, móveis, equipamentos eletrônicos, galeria de fotos e pôsteres daquele período.
Na mesma região, fica o inquietante War Remnants Museum, que mostra a relação entre os EUA e o Vietnã durante o conflito no país. Fora, diversas aeronaves e tanques estão expostos. Dentro do prédio, armas, uniformes e fotos contam a história.
Ho Chi Minh tem vida noturna agitada. Algumas ruas ficam tomadas por mesinhas lotadas de turistas e moradores. A cozinha vietnamita é rica e variada. Tanto os bons restaurantes como as barracas de rua apresentam miríade de sabores, cores e aromas.
Quando bater o cansaço do trânsito e das buzinas, sugiro passar dias de calmaria em Phu Quoc, a maior ilha do Vietnã. Localizada no sudoeste do país, bem perto da costa do Camboja, ela não fica atrás de outras ilhas mais conhecidas do Sudeste Asiático quando o assunto são praias paradisíacas e outras belezas naturais. A vantagem é que Phu Quoc recebe bem menos turistas.
A ilha, porém, investe cada vez mais em infraestrutura turística, com hotéis, resorts, spas e restaurantes. O maior centro urbano local é Duong Dong, espaço para mergulhar na cultura vietnamita: experimente pratos populares de frutos do mar nos agitados mercados noturnos e visite templos e pagodes budistas. Nos arredores, fica a movimentada Long Beach, ladeada por resorts.
Por toda a ilha, há pequenas enseadas de águas com tons que vão do turquesa ao esmeralda. Para completar o cenário, as praias são de areia branquinha e cercadas por uma rica vegetação. A costa leste é mais selvagem e com acesso um pouco mais complicado, mas compensa com praias quase desertas.
Dica: há um aeroporto doméstico na ilha, mas, se quiser economizar, pegue um barco. São dois pontos de partida: Tien e Rach Gia. Optei por embarcar em Rach Gia, em uma viagem tranquila que levou cerca de duas horas e 30 minutos para percorrer 120 quilômetros. O bilhete custou cerca de R$ 40.